Rotina de estudos e Aprendizagem

Violência nas escolas: contexto, causas e consequências

Os últimos acontecimentos envolvendo a violência escolar impactaram toda a sociedade brasileira, fazendo com que as autoridades se voltassem para a urgência da criação de políticas públicas. Segundo pesquisas, os índices de violência nas escolas demonstram aumento.

Além disso, uma pesquisa de 2019 do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) revelou que cerca de 54% dos professores da rede estadual de ensino já foram vítimas de violência. Em 2017, a mesma pesquisa apontava 51% e, em 2014, 44%.

Hoje, sabe-se que abordar a violência nas escolas significa investigar aspectos sociais, psicológicos e políticos. Mas ainda há muito que esclarecer. Nos tópicos seguintes, falaremos mais sobre esse tema. Se quiser conhecer melhor o contexto, as causas e os tipos de violência escolar, continue acompanhando o nosso artigo.

Contexto da violência nas escolas

Recentemente, a violência escolar passou a ganhar o centro de discursos midiáticos, sociais e políticos. Dada a sua magnitude, muitas pessoas, especialmente pais, alunos e profissionais da educação, passaram a pesquisar mais sobre o assunto, fazendo com que se acendesse um alerta sobre a necessidade de mais informações.

Tomando por base a definição, a violência escolar refere-se ao uso da agressividade e da força no interior de ambientes escolares. Contudo, a literatura especializada esclarece que a palavra “violência” pode ser utilizada para descrever diversas condutas, não estando obrigatoriamente relacionada aos atos físicos, já que pode ser psicológica ou verbal.

Com base em pesquisas, a violência nas escolas parece estar baseada não apenas em questões específicas, como aquelas relacionadas ao próprio ambiente escolar, mas também em aspectos psicológicos, sociais e econômicos.

Dessa forma, se faz necessária a plena compreensão do tema, bem como a criação e implantação de políticas públicas, a fim de reduzir as incidências e restaurar a segurança das instituições educacionais.

Causas da violência nas escolas

Antes de tudo, vale destacar que a violência escolar não pode ser explicada por causas individuais, estando relacionada a diversos motivos. Pesquisas indicam alguns traços característicos presentes em indivíduos considerados violentos, são eles: falta de autodomínio, baixa autoestima, deficiência no controle de impulsos e vulnerabilidade à humilhação.

Contudo, não se pode afirmar com precisão que a união desses traços torna um sujeito violento. Da mesma forma que há pessoas que praticaram atos de violência e que não possuíam tais características.

Estudos comprovaram que comportamentos violentos ou agressivos estão possivelmente relacionados com o acúmulo de fatores. Conheça os principais deles a seguir.

Desigualdade social

Tem-se a desigualdade social como uma das causas da violência nas escolas, uma vez que pessoas carentes de condições básicas tendem a adquirir personalidades agressivas e disruptivas.

Isso pode ser explicado pelo fato de ocuparem posições secundárias na sociedade, fazendo com que os indivíduos tenham menos oportunidades de estudo, consumo e trabalho, por exemplo. Nesses casos, os atos de violência são uma forma de punir a sociedade.

Gangues

No livro Apresentando e Analisando as Causas da Violência Escolar, a autora Fábia Geisa Amaral Silva aborda as gangues como uma das causas do fenômeno. Segundo estudiosos, o motivo pelo qual jovens acabam entrando em gangues ou grupos de bairros está relacionado a uma das necessidades básicas do ser humano, que é a sensação de pertencimento.

Nessas conformações, os adolescentes se sentem mais seguros e confiantes. Além disso, podem ser expostos a outros fatores, como o tráfico e o uso de drogas. A violência escolar, portanto, pode surgir como uma forma de demarcar territórios ou de provar domínio.

Reproduções da violência

A reprodução de ambientes violentos, como brigas entre familiares, negligência por parte dos pais, falta de carinho e violência sexual, faz parte das principais causas da violência nas escolas.

Basicamente, a violência escolar pode ser uma reprodução daquilo que os indivíduos vivenciam no ambiente doméstico. A violência demonstrada pelos meios de comunicação ou de entretenimento (filmes, séries, videogames, redes sociais etc.) pode agravar esse quadro.

Deficiência na segurança escolar

Recentemente, com os casos de violência nas escolas brasileiras, muitas discussões foram levantadas quanto à segurança nesses locais. Uma das principais abordagens refere-se à diferença de segurança entre escolas particulares e escolas públicas.

Ainda seguindo a linha de investigação da autora Fábia Geisa, o que se observa é o sucateamento das instituições de ensino público. Quando se fala em segurança, a realidade enfrentada por elas é a falta de policiamento e a ausência de funcionários especializados no interior das escolas.

Tipos de violência escolar

Como dito anteriormente, a violência escolar pode se manifestar de diversas formas, muitas vezes passando despercebida no dia a dia. A princípio, os conflitos que ocorrem nesse tipo de ambiente envolvem:

  • Testemunhas: pessoas que preferem se manter neutras com medo de serem as próximas vítimas, muitas vezes são alunos, mas também podem ser professores, funcionários e até mesmo coordenadores;
  • Alvos: alunos, professores, funcionários ou outros colaboradores que são perseguidos;
  • Alvos potenciais: geralmente, são indivíduos específicos escolhidos sem motivos aparentes por conta de sua orientação sexual, crenças, aparência, religião ou etnia.

Além disso, os principais tipos de violência nas escolas são:

  • Violência contra o patrimônio: a violência que parte dos próprios alunos em relação ao espaço físico escolar;
  • Violência física: todos os atos violentos que envolvem agressões e que prejudicam o físico de alunos, professores, funcionários e outros membros que fazem parte do ambiente escolar;
  • Violência simbólica: é o tipo de violência mais difícil de ser notada. Pode ser exemplificada por situações nas quais a escola impede os alunos de pensar e os obriga a reproduzir, negligenciando o seu pensamento crítico. Pode acontecer com professores quando os alunos demonstram indiferença e desinteresse pelo que está sendo ensinado;
  • Violência doméstica: atos violentos pelos quais crianças e adolescentes passam em casa no convívio diário com seus familiares.

Dito isso, alguns exemplos de manifestações desses tipos de violência são: depredação do espaço físico, vandalismo, brigas, cyberbullying, bullying, incivilidade e indisciplina. Em suma, são ações consideradas violentas que podem ser motivadas por vários fatores, como a realidade vivenciada pelo indivíduo na esfera familiar ou social e a desigualdade social.

De acordo com estudos, é possível afirmar que a violência nas escolas é produto de microviolências corriqueiras, tais como: cutucar, empurrar, falar durante a aula, gritar, debochar, jogar papel e outros objetos nos alunos ou nos professores, etc.

Enfim, na maioria das vezes, são ações consideradas banais que resultam em desordem e, na ausência de intervenções, podem evoluir para atitudes mais graves.

Como reduzir a violência nas escolas

Inicialmente, é essencial a criação de políticas públicas e ações educacionais. Após os últimos casos de violência escolar que impactaram o Brasil, o Ministério da Educação (MEC) propôs a formação de um grupo interministerial para investigar os ataques nas escolas.

Para muitos professores e outros profissionais da área, o que falta também são ações voltadas para os aspectos socioemocionais dos alunos, o que se demonstrou ainda mais necessário após o período de pandemia.

No ambiente escolar, vale a pena investir em iniciativas educacionais que visem o incentivo das relações democráticas. Isso pode ser feito com base em estratégias de formação e de treino das competências sociais e emocionais dos estudantes.

O que se observa é que o enfrentamento da violência nas escolas envolve abordagens holísticas e interdisciplinares que alcançam os discentes, o corpo docente e os demais integrantes das instituições escolares.

Mediação de conflitos

Em meio a conflitos envolvendo alunos, uma estratégia exitosa de redução de violência é a mediação. O ideal é que o mediador se mantenha imparcial e busque, em conjunto com os envolvidos, uma solução viável por meio da comunicação.

Comunicação não violenta

Criada pelo psicólogo Marshall Bertram Rosenberg, trata-se de uma abordagem de comunicação que visa a plena conexão entre as pessoas, promovendo relações satisfatórias ao entender a vivência do outro.

Informação acessível

Cabe às escolas e ao poder público disponibilizar informações que informem e visem combater a violência nas escolas. Só para exemplificar, as escolas podem adotar estratégias, como palestras, grupos de apoio, jogos cooperativos, mesas redondas e debates sobre o bullying e o cyberbullying.

Psicólogo escolar

Há tempos discute-se a importância de um profissional da psicologia nos ambientes escolares. Em linhas gerais, a presença de um psicólogo poderia auxiliar o corpo docente e a coordenação a lidar com as divergências comportamentais dos alunos.

Dados sobre a violência nas escolas

Desde o mês de setembro de 2022, o Brasil registrou pelo menos sete ataques em escolas que repercutiram em todo o cenário nacional. Há anos, os índices sobre violência nas escolas têm causado preocupação.

Recentemente, uma pesquisa global da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) colocou o Brasil entre os primeiros colocados no ranking de agressões contra professores. Acompanhe algumas constatações:

  • Quando comparadas com a média internacional, as escolas do Brasil são mais propícias ao bullying;
  • 28% dos diretores de instituições educacionais brasileiras disseram ter presenciado situações de bullying entre os alunos;
  • 12,5% de todos os professores entrevistados relataram sofrer agressões verbais pelo menos uma vez por semana.

De acordo com dados de um estudo do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), as violências mais comuns contra professores são:

  1. 48% agressão verbal;
  2. 20% assédio moral;
  3. 16% bullying;
  4. 15% discriminação;
  5. 8% furto ou roubo;
  6. 5% agressão física;
  7. 2% roubo com uso de armas.

Quanto aos alunos, os principais tipos de atos violentos são:

  1. 22% bullying;
  2. 17% agressão verbal;
  3. 7% agressão física;
  4. 6% discriminação;
  5. 4% furto ou roubo;
  6. 4% assédio moral;
  7. 2% roubo com uso de armas.

Impacto da violência nas escolas no aspecto emocional dos alunos

Bem como as causas, outro tema que deve ser investigado é o que diz respeito às consequências da violência nas escolas. A princípio, o que se observa é que os alunos que são vítimas de algum tipo de violência passam a apresentar desinteresse pelas atividades escolares, o que impacta diretamente a vida escolar e o futuro profissional. Além disso, acabam demonstrando comportamentos antissociais.

Nos casos mais sérios, tanto alunos quanto professores que se afastam do ambiente escolar podem desenvolver psicopatologias, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico.

Através da Lei de Acesso à Informação, é possível encontrar dados que demonstram que, somente em 2019, mais de 27 mil professores da rede estadual paulista foram afastados em decorrência de transtornos comportamentais ou mentais.

Os casos de violência escolar também acabam atingindo alunos que nunca passaram por tais situações. Exemplo disso são as taxas de ausências em escolas brasileiras após os ataques mais recentes.

O papel dos pais para reduzir os impactos psicológicos dos filhos que sofrem violência escolar

Cabe à família criar um ambiente seguro, respeitoso e afetuoso para que as crianças e adolescentes sintam-se confortáveis para conversar sobre diversos assuntos. Ao perceber qualquer sinal de que seu filho esteja sendo demasiadamente afetado pelo tema, a melhor coisa a se fazer é procurar um profissional.

Bem como tratado anteriormente, os indivíduos tendem a reproduzir suas vivências. Portanto, mostrar bons exemplos ainda continua sendo um ótimo método de ensino. Evitar discussões, priorizar o respeito, exercitar a empatia e o senso democrático são algumas das condutas a serem adotadas no ambiente doméstico.

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