Você sabia que a música, uma das mais antigas artes, está sendo implementada na educação como método de aprendizagem? A chamada musicalização se utiliza da melodia, ritmo e harmonia para facilitar a absorção de novos conteúdos e estimular habilidades.
Na educação infantil, contribui para a melhora da concentração, comunicação e criatividade, proporcionando inúmeros benefícios ao longo do desenvolvimento dos alunos. Para saber mais sobre a musicalização e seus impactos no processo de aprendizagem, acompanhe o nosso artigo de hoje.
O que é a musicalização?
Como dito anteriormente, a musicalização se apresenta como um importante auxílio pedagógico. No entanto, não visa apenas o ensino-aprendizagem, mas também o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social dos alunos.
Partindo do princípio, a música é uma representação artística presente na história de todas as culturas e épocas, fazendo parte do dia a dia de todas as pessoas.
A propósito, a relação do ser humano com a música pode começar mesmo antes do nascimento. Estudos já comprovaram uma maior atividade cerebral em bebês expostos a músicas quando ainda estavam no útero. Após o nascimento, é através do som que as crianças começam a interagir e criar relações com o meio.
De acordo com pesquisas e estudos científicos, a música consegue fazer com que mais áreas do cérebro sejam ativadas simultaneamente.
Em análises, foi possível constatar que, quando as pessoas eram expostas a problemas matemáticos, áreas específicas do cérebro eram recrutadas.
Em práticas que envolviam músicas, observou-se uma ativação de várias áreas do cérebro. Afinal, ao escutar uma música, os indivíduos precisam processar uma série de informações, como o ritmo e a melodia, para formar a experiência musical completa. Tudo isso em apenas alguns segundos!
O que se tem é que essa maior ativação do cérebro, decorrente da exposição musical, faz com que as pessoas sejam mais capazes de resolver problemas de maneira criativa e eficiente.
Logo, as músicas, quando bem exploradas, conseguem desenvolver o raciocínio, a criatividade e outras aptidões. Por isso, a musicalização é tão bem-vinda no ambiente escolar.
Em suma, ao contrário do saber popular, a musicalização não tem em vista formar músicos, mas ajudar o aluno na construção do conhecimento musical através da sensibilização a sons. A partir disso, visa à abertura dos canais sensoriais, proporcionando um saber amplo, além de benefícios que contribuem para a formação não apenas de estudantes, mas de verdadeiros cidadãos.
A importância da musicalização na aprendizagem
Segundo o neurologista e músico Mauro Muszkat, em geral, as crianças expressam suas emoções com mais facilidade através da música do que pelas palavras.
O uso da música na educação infantil pode ser uma boa estratégia para promover o desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos, incluindo aqueles que possuem algum tipo de disfunção do neurodesenvolvimento, como dislexia e transtorno de déficit de atenção (TDA).
Mauro Muszkat ainda cita em seu artigo que os primeiros 8 anos de vida compreendem a fase do neurodesenvolvimento mais propícia para o aperfeiçoamento musical. Logo, entende-se a importância da inserção da musicalização ainda na infância.
Além disso, a experiência musical promove o aumento do tamanho e da quantidade de sinapses de diversas partes do cérebro, o que acaba potencializando a memória, as funções linguísticas e a atenção.
A musicalização parte de um processo de ensino participativo que se baseia em uma alternativa ao método de ensino convencional. Uma de suas principais vantagens é o estímulo da comunicação, da autoestima, da empatia e da acuidade musical dos alunos.
Consequentemente, também se observa uma melhoria do aprendizado de novos conteúdos e de outras habilidades. E a melhor parte é que esse aprendizado se dá de maneira natural e divertida, e não de forma imposta, como acontece na maioria dos métodos convencionais de ensino.
Os benefícios da musicalização
A princípio, a musicalização tem a capacidade de modificar o ambiente escolar como um todo. Afinal, a presença da música deixa a escola mais alegre, transformando-a em um espaço acolhedor e familiar para os alunos.
A musicalização, quando utilizada em momentos tensos de provas e trabalhos, pode surtir um efeito calmante. Além disso, também pode ser inserida nas disciplinas como um recurso facilitador do processo de aprendizagem.
Em síntese, é possível dizer que a música promove benefícios para os aspectos físicos, mentais e psíquicos dos estudantes:
- Físicos: a partir de práticas que proporcionam alívio das angústias relacionadas a emoções e fadiga;
- Mentais: a partir de práticas que desenvolvem a organização, o entendimento e a melhora de ansiedades e estresse;
- Psíquicos: através da expressão, promovendo a descarga emocional e estimulando a comunicação.
Além desses benefícios gerais, há outros mais específicos que, como você verá, vão impactar diretamente as habilidades dos alunos.
Melhora da concentração
A dificuldade de se concentrar é um dos principais obstáculos que os alunos encontram para compreender, absorver conteúdos e realizar atividades.
A musicalização tem um importante papel no aumento da capacidade de concentração, visto que, ao tocar, cantar, perceber a música ou dançar, o aluno precisa ter muita atenção e foco. É questão de tempo para perceber a melhoria da concentração em sala de aula após a inserção de atividades musicais.
Aperfeiçoamento da coordenação motora
A musicalização também promove benefícios para a coordenação motora das crianças, especialmente quando ela está ligada ao manuseio de instrumentos.
O fato de segurar um instrumento musical, aprender notas ou ter a noção dos tempos já contribui para o aperfeiçoamento das habilidades motoras. Além disso, há diversos instrumentos que demandam o uso simultâneo de vários membros ou estruturas, como bateria, violão, piano e muitos outros.
Estímulo dos sentidos
Como se sabe, os sentidos são importantes aspectos a serem trabalhados, principalmente na infância. As propriedades do som, como o timbre e o ritmo, são capazes de estimular o sentido da audição. Enquanto isso, o manuseio de instrumentos musicais, de partituras e de letras de músicas consegue estimular a visão ou o tato.
Promoção de bem-estar
Estudos apontam que as atividades musicais possuem um valor especial para pessoas que têm ansiedade e depressão. Basicamente, a música consegue gerar a sensação de paz, alegria e bem-estar. Sendo assim, atua no estímulo e desenvolvimento da comunicação e na expressão de sentimentos, pontos essenciais para a manutenção da saúde emocional.
Desenvolvimento do raciocínio lógico
Segundo a bibliografia especializada, crianças que têm contato precoce com atividades musicais tendem a ter um melhor desenvolvimento das áreas do cérebro ligadas ao raciocínio e às linguagens.
Além disso, quem toca instrumentos musicais consegue ativar diversas partes do cérebro simultaneamente, possibilitando que os hemisférios direito e esquerdo trabalhem em conjunto. Como consequência, essas pessoas tendem a ter mais facilidade na hora de resolver problemas de áreas acadêmicas ou sociais.
Como inserir a musicalização na educação das crianças
Antes de tudo, o principal objetivo da educação infantil é o desenvolvimento integral da criança, e uma de suas funções é servir como complemento da ação familiar e comunitária. O ambiente escolar deve suprir todas as demandas dos alunos no que diz respeito aos seus aspectos físicos, sociais, intelectuais e psicológicos.
Hoje, sabe-se que a inserção do lúdico no ambiente educacional infantil influencia positivamente o aprendizado, já que consegue tornar o ensino mais estimulante. Isso pode ser facilmente explicado partindo do pressuposto de que a ludicidade é algo inerente à criança.
Sendo um importante método alternativo de ensino-aprendizagem, a musicalização, se explorada da maneira adequada, pode fazer toda a diferença nesse período da vida escolar dos alunos.
Conforme apontado por muitos autores na bibliografia, a inserção da musicalização deve acontecer ainda na primeira infância. Basta lembrar dos estudos de neurociências que comprovaram uma maior sensibilidade para o desenvolvimento da musicalidade em crianças de até 8 anos de idade.
Em creches ou escolas de educação infantil, cabe ao corpo de educadores criar oportunidades de aprendizagem nas quais as crianças possam experimentar atividades musicais, sejam elas baseadas em sua própria cultura ou em outras.
Mas é importante pautar todas as atividades com base nos seus objetivos. Em outras palavras, não adianta apenas levar um aparelho de som para a sala de aula, deve-se ter um planejamento para que seja feito um bom uso desse método.
Nesse sentido, é possível perceber a importância do constante processo de formação de professores, educadores e demais profissionais da área. A seguir, veremos também qual é a importância da participação dos pais na inserção da musicalização.
O papel dos pais na inserção da musicalização
De acordo com documentos oficiais, como o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), a presença da música no dia a dia faz com que os bebês e as crianças iniciem, intuitivamente, o seu processo de musicalização.
A fim de auxiliar as escolas no processo de musicalização das crianças, os pais também podem participar de forma ativa a partir de algumas práticas em casa.
Estimular práticas sonoras
Ainda na primeira infância, mesmo antes da vida escolar, os pais podem inserir atividades ligadas à música no dia a dia do bebê. Para começar, que tal investir em brinquedos que emitem sons, como animais ou instrumentos musicais? Outra possibilidade é cantar músicas ou tocar instrumentos.
Promover brincadeiras que envolvam músicas
Há algum tempo, cantigas de roda eram muito populares na infância. Atualmente, contudo, é difícil ver crianças longe das telas de smartphones, tablets e TVs. Mas a promoção desse tipo de brincadeira é capaz de estreitar laços familiares, criar hábitos e incentivar a musicalização.
Investir em aulas de música
Você sabia que, a partir dos 6 meses, o bebê já pode participar de aulas de música? Sendo assim, investir nesse tipo de aula pode ser uma excelente ideia para incentivar as habilidades musicais.
Escutar músicas durante a gravidez
Essa é uma dica para as mamães e papais que ainda estão à espera do seu pequeno. Após a formação do aparelho auditivo, os bebês já conseguem responder a estímulos sonoros. Só para relembrar, mesmo no útero, há uma maior ativação cerebral de bebês que são expostos a músicas.
A musicalização na BNCC
Para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os bebês são aqueles que possuem entre 0 a 1 ano e 6 meses, enquanto as crianças bem pequenas possuem entre 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses.
O documento ainda apresenta sua visão sobre bebês e crianças. Segundo a BNCC, a criança é a protagonista de todos os cenários dos quais faz parte, não apenas interagindo, mas criando e modificando a cultura e a sociedade.
Além disso, cita que a criança aprende com as experiências vividas na escola, e o professor deve mediar e planejar as propostas, visando captar a atenção do aluno.
Nos Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento da Base Nacional Comum Curricular, a musicalização está inserida no Campo de Experiências “Traços, Sons, Cores e Formas”.
Para os bebês (0 a 1 ano e 6 meses), a BNCC traz como objetivo: “Explorar diferentes fontes sonoras e materiais para acompanhar brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias”.
Para as crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses), os objetivos são: “Utilizar diferentes fontes sonoras disponíveis no ambiente em brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias”.
Atividades de musicalização para se usar na aprendizagem
A musicalização é um ótimo método pedagógico que possibilita o ensino-aprendizagem através das mais diversas experiências. Em seguida, apresentamos algumas sugestões:
- Atividades que promovam movimentos corporais e o canto;
- Jogos com músicas;
- Aulas de música com instrumentos.
Atividades que promovam movimentos corporais e o canto
Tanto os movimentos corporais quanto o canto devem ser explorados como uma consequência da percepção sonora. Os movimentos corporais colaboram com a orientação motora e espacial da criança. Enquanto isso, o canto trabalha ativamente a linguagem, a memória e a noção de sequência.
Jogos com músicas
Os jogos com músicas são uma ótima oportunidade para trabalhar o coletivo em sala de aula, visando apenas a interação entre alunos e não a competição.
Além de trabalharem a comunicação e a empatia, também incentivam a colaboração e são relevantes para o neurodesenvolvimento. Opções são o que não faltam: cantigas de roda, dança das cadeiras, mímicas de sons imaginários, encenações de músicas e muito mais.
Aulas de música com instrumentos
Antes de mais nada, o educador precisa estudar e escolher instrumentos que sejam compatíveis com a faixa etária das crianças. Ao tocar um instrumento, há o desenvolvimento da atenção, do foco, da memória e das habilidades motoras da criança. Outra possibilidade é fazer aulas coletivas que contribuem para a formação do pensamento social.
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