A sala de aula invertida, assim como outros métodos educacionais, a exemplo da gamificação, nasceu do entendimento de que é necessário estimular a inteligência dos alunos de formas diferentes para obter resultados melhores no futuro.
Assim como outros métodos modernos, essa metodologia coloca o aluno como protagonista, elevando o nível de exigência para que ele entregue mais e acabe crescendo através disso. Mas, claro, a importância e a autoridade do professor não são perdidas no processo.
Apesar de relativamente simples de ser entendida, a sala de aula invertida é um conceito amplo e que precisa ser analisado com carinho por todos aqueles que procuram saber mais sobre ele.
Por esse motivo, criamos este artigo que traz uma explicação completa, ponto a ponto, sobre esse método. Este conteúdo é especialmente indicado para pais que buscam novas alternativas de ensino para os seus filhos, mas também para professores que querem se atualizar e conhecer novos métodos educacionais.
O que é e como funciona a sala de aula invertida?
Chamado originalmente de flipped classroom, o método da sala de aula invertida consiste basicamente em uma troca de atribuições entre professores e alunos, mas de forma temporária e sob uma orientação bastante específica.
Em resumo, os alunos precisam absorver determinado conteúdo em casa ou em aulas preliminares e depois discuti-lo com os seus colegas, fazendo uma troca de informações relevante. Esse momento “substitui” o lecionamento tradicional, fazendo o conteúdo da aula fluir de uma forma mais orgânica.
Todo esse processo é supervisionado pelo professor da turma, que precisa avaliar se o conhecimento está sendo transmitido e recebido corretamente entre os seus alunos.
Com isso, o aluno passa a ser um protagonista e não apenas um mero coadjuvante na sala de aula. Isso estimula diversas habilidades e autopercepções essenciais à vida da criança ou adolescente.
Inclusive, para facilitar essa troca, o professor pode propor o uso de tecnologias diversas, da internet e também de outras metodologias de ensino, como a gamificação, da qual falamos no início do texto.
Vale destacar que, aqui, o professor não perde a sua importância, muito pelo contrário. No contexto da sala de aula invertida, o docente evolui de um simples repassador de conteúdo para um profundo mediador de conhecimento, o que eleva a sua importância nesse contexto.
Quando surgiu a metodologia da sala de aula invertida?
Os estudos preliminares sobre a sala de aula invertida tiveram início ainda na década de 1990, nas universidades de Harvard e Yale, ambas localizadas nos EUA. Contudo, apenas no início dos anos 2000, o pesquisador J. Wesley Baker cunhou o termo flipped classroom e começou a testar essa metodologia, lançando suas bases.
Alguns anos mais tarde, em meados de 2007, os professores Jonathan Bergmann, Aaron Sams e Karl Fisch se tornaram os maiores expoentes da sala de aula invertida, apresentando formas práticas de aplicar o método e atraindo o interesse de professores e gestores em educação de todo o mundo.
Atualmente, a sala de aula invertida é conhecida em todo o mundo e já desponta como um dos principais métodos educacionais existentes. Por esse motivo, as principais universidades americanas e de outros países de primeiro mundo, como Noruega e Austrália, por exemplo, já adotaram o modelo.
Além disso, vários países já adotaram a sala de aula invertida como prática educacional fixa em seus sistemas educacionais governamentais, a exemplo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil. Alguns exemplos são os Emirados Árabes, a Turquia e a Espanha.
Como a sala de aula invertida se diferencia de outros métodos?
A principal e determinante diferença entre a sala de aula invertida e as outras metodologias de ensino é a ampla abertura para o protagonismo do aluno que é proporcionada, sem que a fundamental importância do professor seja deixada de lado no processo.
Para tanto, esse método apresenta uma equivalência entre o uso da tecnologia e do ensino a distância (EAD) e a vivência em sala de aula. Basicamente, o aluno mantém um grande contato com o professor fora e dentro da sala de aula.
Afinal, para que sejam repassados os conteúdos que serão discutidos na prática da sala de aula invertida, é necessário que o docente repasse informações aos seus alunos via e-mail, chats e grupos de conversa.
Depois, todo aquele conteúdo é discutido em sala de aula por meio de debates descentralizados e didáticos, onde os alunos são protagonistas e o professor atua como uma espécie de mediador que está acima de todo o processo.
Por fim, o que temos é uma consolidação do aprendizado que fica bem mais enraizada do que se o aluno tivesse estudado apenas presencialmente ou apenas via EAD.
A sala de aula invertida está de acordo com a BNCC?
Sim, a metodologia conhecida como sala de aula invertida está totalmente dentro dos parâmetros preconizados pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que, dentre outras coisas, traz recomendações e exigências para a padronização do ensino público brasileiro.
Em suma, esse método se enquadra perfeitamente nos termos deste conjunto de normas, que visam, em última análise, à modernização e adequação dos meios educacionais para que eles atendam às demandas das novas gerações.
Os 12 principais benefícios da sala de aula invertida:
- Promove o desenvolvimento de habilidades;
- Maior protagonismo ao estudante;
- Otimiza o tempo de aula;
- Traz conteúdos práticos;
- Promove debates mais avançados;
- Traz mais flexibilidade;
- É mais confortável para o aluno;
- Melhora o desempenho dos estudantes;
- Aumenta a valorização do professor;
- Engaja os alunos, promovendo a inclusão;
- Possibilita o acompanhamento de dificuldades individuais;
- Aumenta a interação dos pais no processo educacional.
Promove o desenvolvimento de habilidades
O primeiro e talvez principal benefício da sala de aula invertida é o fomento ao desenvolvimento de habilidades nos alunos que são expostos a ela, causado pela troca de conhecimentos entre os alunos e essa maior “posse” do conteúdo.
Ao estudarem uma matéria para debatê-la com os seus colegas e apresentá-la aos professores, os discentes acabam desenvolvendo um melhor raciocínio, um senso crítico mais apurado e até um melhor manejo do ato de lecionar.
Com isso, novas e importantes habilidades vão sendo criadas, o que pode contribuir, e muito, na formação desses novos cidadãos/profissionais.
Maior protagonismo ao estudante
Outro grande diferencial da sala de aula invertida, que, na verdade, fica explícito em qualquer explicação sobre esse método, é o aumento do protagonismo e da autonomia do aluno, não apenas na sala de aula, mas em sua vida discente como um todo.
Afinal, ao ter um maior contato com os conteúdos que lhe são repassados, o estudante ganha a percepção de que pode mais, de que consegue ir mais longe. Isso faz com que o seu desejo por estudar também aumente de forma substancial.
Otimiza o tempo de aula
A otimização do tempo de aula também é outra característica da sala de aula invertida. Nesse método, o professor passa menos tempo respondendo a questões e tirando dúvidas, uma vez que os alunos já estão mais inteirados sobre o assunto.
Nas metodologias tradicionais, onde os docentes lecionam e depois abrem espaço para as dúvidas e questões, o tempo para o aprofundamento na matéria se perde. Com a inversão das atribuições, onde o aluno se torna um pequeno professor, isso muda drasticamente.
Traz conteúdos práticos
Uma das grandes queixas de alunos e pais de alunos é a distância entre a realidade dos conteúdos repassados durante as aulas e a vida real vivida pelos discentes. É comum que muitos estudantes se perguntem em que momento da vida irão “usar” determinados conteúdos.
Com a aplicação da sala de aula invertida, isso muda, uma vez que os conteúdos das disciplinas são otimizados para a realidade do aluno. Em outras palavras, os professores tendem a repassar materiais atualizados e que façam mais sentido.
Como exemplo, fatos históricos podem ser vinculados ao momento atual do mundo e assuntos matemáticos podem ser integrados ao cotidiano. Isso não apenas melhora a percepção do aluno, como também aumenta o seu interesse pelo estudo.
Promove debates mais avançados
Ao aprender os conteúdos das aulas de uma forma mais profunda, os alunos expostos ao método da sala de aula invertida também se tornam aptos a promover debates mais avançados com os seus colegas.
Isso faz com que as aulas saiam daquele marasmo comum, onde o professor só fala e ninguém se interessa pelo assunto. Ao estudarem o conteúdo em casa, os discentes chegam à aula “afiados” e sedentos por discutir os conteúdos com os seus colegas.
Em última análise, todo esse processo favorece o ganho de conhecimento e a fluidez do aprendizado, sem exigir tanto esforço do professor e excluindo o “decoreba” presente em métodos mais tradicionais.
Traz mais flexibilidade
A maioria dos métodos de ensino tradicionais são bastante engessados e tensos, não permitindo nenhum tipo de inovação. Com a sala de aula invertida, isso muda, o que já era de se esperar.
Nessa nova metodologia, o professor tem liberdade para utilizar multimeios didáticos, reorganizar a posição das carteiras, realinhar a localização dos alunos dentro da sala, etc.
Além disso, o próprio debate em si também pode ser modulado pelo docente, dividindo-o por tempo, dando espaço a cada aluno individualmente, criando grupos de discussão e muito mais.
É mais confortável para o aluno
Como se sabe, cada pessoa leva um tempo específico para aprender e se familiarizar com determinado assunto. Em certa medida, essas peculiaridades não são “respeitadas” por métodos educativos tradicionais.
Isso porque vários alunos são colocados em uma turma única para absorver um conteúdo em um espaço de tempo determinado e sob uma ótica comum a todos.
Já na sala de aula invertida, cada aluno pode aprender no seu tempo e da sua forma, tendo no professor um mediador para que esse processo seja concluído, e não o contrário.
Por tudo isso, esse método educacional moderno traz mais conforto e, por que não dizer, mais segurança aos alunos, que agora passam a “respirar” melhor no que diz respeito à escola.
Melhora o desempenho dos estudantes
Como não poderia deixar de ser, um dos reflexos da prática da sala de aula invertida é a visível melhoria do desempenho dos alunos expostos ao método.
Essa otimização é reflexo de todo o rico processo educacional praticado e da “competição” entre os alunos, que ficam bem mais confiantes por causa de tudo o que estão vivenciando.
No final dessa jornada, são formados cidadãos bem mais capazes de resolver problemas, bem mais ativos socialmente falando e consideravelmente mais cultos.
Aumenta a valorização do professor
A valorização do professor é outro aspecto marcante da sala de aula invertida. Afinal, como já repetimos ao longo do texto, o papel dos profissionais da educação não fica restrito nem é impedido de alguma forma, muito pelo contrário.
O professor continua sendo uma autoridade em sala de aula, mas, além de apenas distribuir dados e informações, age diretamente na consolidação do aprendizado dos alunos, guiando-os pelos caminhos que levam ao conhecimento de uma forma mais autônoma.
Portanto, ao contrário do que muitas pessoas pensam, na sala de aula invertida o professor continua sendo uma grande estrela, só que agora com funções diferentes e até mesmo mais elevadas que em métodos educativos convencionais.
Engaja os alunos, promovendo a inclusão
O cerne do modelo de sala de aula invertida é a interação entre os alunos, que passam a discutir assuntos entre si e a tirar dúvidas uns com os outros, sob a supervisão de um professor que acompanha todo o processo.
E, como não poderia deixar de ser, tudo isso aumenta o engajamento entre os discentes e acaba também incluindo na roda de conversas aqueles indivíduos que se sentiam mais excluídos.
Esse processo acaba sendo bom tanto em termos de aprendizado quanto no que diz respeito ao desenvolvimento de uma melhor percepção social dos alunos.
Possibilita o acompanhamento de dificuldades individuais
Quando dá mais protagonismo e voz ao aluno, o professor identifica inevitavelmente as dificuldades de aprendizado que cada estudante eventualmente tenha, podendo trabalhá-las melhor.
Nesse sentido, infere-se que a prática da sala de aula invertida diminui o percentual de jovens que saem da escola com deficiências em aprender alguma disciplina e/ou em repassar o conteúdo aprendido adiante.
Isso é muito importante tanto para quem vai seguir na carreira acadêmica, prestando vestibulares, quanto para quem vai “entrar de cabeça” na vida profissional, fazendo concursos e tentando uma vaga no mercado de trabalho.
Aumenta a interação dos pais no processo educacional
Por fim, não poderíamos deixar de frisar um aspecto essencial da sala de aula invertida: o protagonismo que esse sistema educacional dá a pais e responsáveis na educação dos seus filhos.
Como foi dito mais de uma vez ao longo do texto até aqui, grande parte da aplicação dessa metodologia se dá de forma remota, com os alunos recebendo materiais via internet para estudar enquanto não estão indo para a aula presencial.
E é justamente nesse momento que os pais podem atuar, auxiliando os seus filhos com os estudos e prestando um serviço de co-professores em todo esse processo. Assim, além de verificarem o que os filhos estão estudando, os pais e mães podem também facilitar o seu processo de aprendizagem.
O que a escola precisa para se adequar à metodologia da sala de aula invertida?
A comunidade escolar é o ente principal no processo de migração entre as salas de aula tradicionais, por assim dizer, e a sala de aula invertida. É responsabilidade dos profissionais da educação promover essa mudança e trazer meios para que ela aconteça.
Nesse sentido, separamos alguns pontos que devem ser observados no processo de preparação para a implantação dessa metodologia. Veja quais são:
- Se informar de uma forma mais profunda sobre a sala de aula invertida, angariando estudos de caso, literaturas sobre o tema, exemplos de implantações bem-sucedidas, etc.;
- Fazer treinamentos com os professores, para que eles possam fazer um bom manejo da metodologia;
- Promover uma preparação junto aos alunos, trazendo palestras, seminários e outros eventos que familiarizem os estudantes com essa ideia;
- Comunicar aos pais e responsáveis sobre o novo método educacional implantado;
- Selecionar os materiais que serão enviados aos alunos, como videoaulas, apostilas em PDF, artigos, etc.;
- Equipar a escola com os multimeios didáticos necessários, como computadores, internet banda larga e Wi-Fi, etc.;
- Criar ambientes virtuais próprios, como sites, perfis em redes sociais, grupos de chat, plataformas de videoaula, etc.;
- Criar métodos de avaliação que se encaixem na abordagem ora adotada.
Vale destacar que essas ações envolvem a comunidade escolar como um todo e até mesmo o poder público, no caso de escolas controladas por estados, municípios e União.
Como as escolas podem pôr em prática essa metodologia?
Para finalizar o nosso artigo da melhor maneira possível, queremos trazer algumas ideias de como o método da sala de aula invertida pode ser posto em prática nos mais variados níveis educacionais.
Assim, nos próximos tópicos você verá explicações nesse sentido que tocam desde o ensino infantil até o ensino médio, passando pelo ensino fundamental. Entenda melhor!
Sala de aula invertida na educação infantil
Até o momento, a implantação da sala de aula invertida ainda não foi muito abordada em turmas da educação infantil, que compreende o período entre a pré-escola e o início do ensino fundamental.
Isso porque essa fase educacional é preenchida por alunos muito jovens, com idades entre 3 e 6 anos completos, em média. Isso dificulta um pouco o andamento da metodologia.
Entretanto, isso não impede que os professores do ensino infantil façam uma espécie de iniciação à sala de aula invertida com os seus alunos.
Essa iniciação pode ser feita por meio da confecção de “tarefinhas” que os pequenos alunos terão de resolver em casa, com a ajuda dos seus pais, é claro.
Já de volta à sala de aula, o professor pode fazer interações mais simples, usando elementos lúdicos e brincadeiras para extrair dos alunos as percepções que eles tiveram do material estudado em casa.
Sala de aula invertida no ensino fundamental
No ensino fundamental, sobretudo na segunda fase, chamada de fundamental 2, a implantação da sala de aula invertida ganha um pouco mais de força. Afinal, nessa época os alunos já estão na adolescência e na pré-adolescência.
Aqui, os professores já podem investir mais no envio de materiais que devem ser estudados em casa e promover debates em sala de aula. Sem contar que a carga horária pode ser adaptada de forma a ter parte voltada ao EAD e parte voltada ao ensino presencial.
Por fim, o professor pode promover seminários e apresentações individuais, nos quais os alunos precisam literalmente dar uma aula sobre os assuntos abordados.
Os debates em sala de aula também são imprescindíveis, pois é neles onde a interação entre os alunos acontece. Ao final, o professor deve realizar uma avaliação para saber o que foi absorvido dos assuntos tratados e determinar uma nota para os alunos.
Sala de aula invertida no ensino médio
Quando foi criada, a metodologia da sala de aula invertida tinha como objetivo abranger turmas de ensino superior, já que os antigos métodos de exposição não eram mais tão bem vistos na academia.
Contudo, com o passar do tempo, o ensino médio tornou-se a fase educacional onde esse método mais se enquadra, por ser o último quadrante do ensino regular, responsável por finalizar a preparação dos alunos para a vida acadêmica e/ou profissional.
Nessa fase, os professores podem implantar a sala de aula invertida com total segurança e sem medo de errar. Afinal, no ensino médio os alunos já têm idades entre 14 e 18 anos, sendo adolescentes e jovens já bem formados.
A carga horária pode até mesmo ser dividida entre interações online e aulas presenciais, em que os alunos vão para debater e explicar o que entenderam dos assuntos abordados.
Os artifícios mais utilizados para isso são o debate entre os alunos e os seminários, onde os estudantes preparam uma aula propriamente dita e então fazem uma exposição para os seus colegas.
Em alguns casos, essas atividades podem ser avaliadas como suficientes para a nota final, sem a necessidade de se fazer nenhum tipo de avaliação extra.
Isso porque o nível de domínio demonstrado na aula dada pelos alunos vai indicar o quanto eles sabem do assunto, fazendo literalmente o trabalho das provas objetivas ou discursivas que geralmente são aplicadas ao final de cada trimestre.
E claro, o professor é o mediador de todo esse processo, enviando os materiais de estudo, guiando os encontros online e presenciais, mediando os debates e avaliando as exposições.
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