A violência na escola com certeza está entre os fenômenos mais preocupantes no Brasil. Isso porque, além de colocar a vida das crianças em risco, põe à prova o seu desempenho. Nesse sentido, é de suma importância discutir o tema e entender as suas principais causas, como veremos a seguir.
Para entender de maneira específica a causa da violência na escola, é preciso ter em mente uma visão sociológica, psicológica e política. Todos esses fatores possuem uma relação entre si e nos permitem compreender o assunto em uma visão macro. Além disso, destaca-se como é importante ter pensamento crítico sobre essas questões.
A escola é um local que promove a formação intelectual, o aprendizado e o desenvolvimento dos alunos. Por isso, presume-se que esse lugar é munido de proteção e segurança. Contudo, o atual cenário brasileiro nos revela uma outra realidade, envolvendo desrespeito e violência.
Conceito de violência
A priori, é importante discutir o conceito de violência, antes mesmo de adentrar o contexto escolar. Por isso, destaca-se que a violência é o “uso intencional da força ou poder em uma forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa, ou grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano psíquico, alterações do desenvolvimento ou privações”, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Vemos que, em resumo, a violência é o atentado direto contra alguém. Porém, também temos violência quando há desrespeito aos direitos de outra pessoa. Esse é um problema que deve ser tratado dentro das escolas a fim de erradicá-lo. Neste momento, deve-se destacar que a violência é diferente de termos parecidos, como o crime e a agressividade.
Definição de agressividade
A agressividade é diferente da violência, mas também merece um certo destaque, tendo em vista a sua proximidade com o tema. Saiba que a agressividade é vista como um comportamento adaptativo intenso. Esse comportamento tem como objetivo causar um dano mental ou físico em outra pessoa.
A agressão merece atenção especial, e é um indicador de doença subjacente somente no momento em que os sentimentos se tornam excessivos, obsessivos e interferem na vida cotidiana. Em suma, a agressividade não necessariamente tem relação com a violência.
O que é crime?
Um crime pode derivar da violência e da agressividade, como vemos na lesão corporal e no próprio homicídio. Infelizmente, essa não é uma realidade muito distante das escolas, e por esse motivo é tão importante entender esses conceitos iniciais.
Saiba que o crime é uma infração de potencial ofensivo, sendo uma espécie encontrada no gênero infração penal. Por isso, vemos que toda conduta que gera algum tipo de lesão penal relacionada a um bem jurídico tutelado é crime.
Os tipos de violência que acontecem na escola
No contexto escolar, os tipos mais frequentes de violência ocorrem entre o professor e o aluno, o bullying e entre professores. No entanto, existem outros tipos que podem acometer os estudantes nesse cenário e que precisam ser conhecidos.
Lembre-se de que a violência costuma se manifestar das mais diversas formas, desde a psicológica e física até a verbal. O que pode variar é o agressor e a vítima. Porém, de fato, nenhum membro desse cenário está “livre” de ser vítima de violência na escola.
Violência de professor (agressor) para aluno (vítima)
Essa é uma violência que se relaciona aos atos violentos praticados pelos professores para atacar os alunos com o uso de sua autoridade.
Esse tipo de violência foi muito frequente ao longo da maior parte do século XX. Naquele momento, o castigo físico era utilizado quando um aluno se comportava mal ou não fazia o que fora definido pelo professor.
Violência de aluno (agressor) para professor (vítima)
Esse tipo de violência pode envolver atos de violência física, psicológica e verbal. Alguns exemplos disso são tirar sarro das roupas do professor, proferir insultos e grosserias dentro e fora da sala de aula, ameaças de morte, entre outros.
Na maioria dos casos, os professores não percebem que são vítimas de violência escolar. Afinal, consideram que os insultos e as provocações (atos mais comuns desse tipo de violência) não representam nenhum risco. Por esse motivo, acabam ignorando os danos psicológicos que podem ser gerados.
Exclusão de algum aluno propositalmente
Esse tipo de violência pode ser percebido quando um grupo de estudantes decide excluir um aluno de todas as programações. Por isso, eles agem como se essa pessoa não existisse, fazendo com que ela se isole.
Ressalta-se que a exclusão é um tipo de violência psicológica com potencial para se tornar uma das causas mais comuns de suicídio.
Intimidação
O bullying é o ato de provocar o medo por meio de ameaças e utilizá-lo para que as vítimas façam o que o agressor deseja.
Embora não envolva violência física na maioria dos casos, a intimidação precisa de atenção especial. Caso contrário, isso pode trazer resultados muito negativos.
Violência sexual
A violência sexual ocorre quando é perceptível a presença de comportamentos sexuais inadequados no contexto escolar. Por isso, esse tipo de violência constitui todos os atos sexuais, desde o ato de mostrar os órgãos genitais até o contato físico sem consentimento. Este pode ser exemplificado como esfregar a pele com a mão ou outra parte do corpo e até forçar o ato sexual.
Nesse sentido, saiba que esse tipo de violência pode ser praticado por um professor para um aluno ou vice-versa. Inclusive, a violência sexual também se concretiza quando ocorre entre um aluno e outro, entre professores, entre outros.
Coação
A coação também se refere à violência exercida sobre alguém para forçá-lo a fazer algo contra a sua vontade ou que simplesmente não deseja. A coação, assim como a intimidação e as ameaças, é usada para alcançar o que o agressor deseja. Assim, é possível que também seja utilizada a violência física.
Bullying
A intimidação ou assédio moral é um ato de violência que ocorre repetidas vezes. Refere-se a todos os tipos de abuso (envolvendo provocações, abuso físico, entre outros) cometidos a um aluno, professor ou outro membro da comunidade educacional.
Com o bullying, o agressor consegue exercer controle físico e psicológico sobre sua vítima a ponto de manipulá-la à vontade. Hoje, o bullying é um dos tipos mais frequentes de violência escolar e uma das causas de suicídio em adolescentes.
A violência escolar brasileira em números
Hoje em dia, a violência e as violações dos direitos humanos no Brasil, incluindo aquelas que ameaçam a vida e a integridade física do indivíduo, estão entre as principais preocupações das populações dos centros urbanos. Isso pode ser atestado por meio de estudos realizados.
Nesse contexto de alerta, a violência escolar tem se manifestado de diversas maneiras. Com isso, vemos que essa realidade já está incorporada à rotina das instituições de ensino e toma proporções alarmantes.
Os números atuais demonstram que toda essa preocupação é, de fato, importante. Por exemplo, conforme divulgado no Diagnóstico Participativo das Violências nas Escolas, realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais em parceria com o Ministério da Educação, 69,7% dos jovens confirmam que já presenciaram algum tipo de agressão dentro da escola.
Em 65% desses casos, a violência é praticada pelos próprios alunos; em 15,2%, pelos professores; em 10,6%, por pessoas de fora da escola; em 5,9%, por funcionários; e, em 3,3%, por diretores.
Outro dado que também merece atenção é o levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) em 2015. Esse estudo envolveu o convívio de educadores e alunos.
Com base nos resultados da pesquisa, 50% dos professores haviam presenciado alguma agressão verbal ou física por parte de alunos contra profissionais da escola. Além disso, quase 30 mil declararam ter sofrido ameaças de estudantes.
Entretanto, quando tratamos das relações entre a violência e a educação, os estudos frequentemente partem de diferentes perspectivas teóricas que acabam definindo este fenômeno de modos distintos. Por isso, é tão importante explorar as suas causas.
Motivos da violência na escola
Na maioria das vezes, essas questões que envolvem a violência na escola são analisadas sob uma perspectiva social ou psicológica, a fim de descobrir a causa da violência como resultado do seu próprio entorno ou da vulnerabilidade de alguns jovens. Não é possível definir uma causa geral para esse problema.
Na verdade, o que encontramos é um conjunto de motivos que podem justificar a violência na escola. Contudo, as causas ainda são variadas e dependem do contexto em que as instituições estão inseridas. Assim, a fim de entender as causas e consequências da violência na escola, algumas das possíveis questões sobre o tema que podem explicar o contexto são:
- A perda da função socializadora da instituição escolar (exemplo dos valores da cultura e a ausência de autoridade do professor);
- As relações entre a violência e a formação dos professores;
- As relações que envolvem a violência e o desempenho dos alunos;
- Características presentes nas escolas que possuem os maiores índices de casos violentos;
- Compreensão das relações com o contexto familiar dos alunos;
- O bullying (em especial o perfil das vítimas e dos agressores);
- Os diferentes tipos de violência (como física, verbal e sexual) e suas manifestações.
Apesar de serem inegáveis os contextos social e psicológico como causas por trás desses números em relação à violência, é preciso explorar outras causas. Assim, há uma necessidade emergente e urgente de encontrar alternativas de ação dentro das escolas.
Como combater a violência na escola
A primeira forma de combater a violência na escola é envolver os alunos em reflexões sobre esse problema. Assim, insira questões como as seguintes perguntas, pois isso vai ajudar os estudantes a entender o assunto e refletir sobre ele:
- O que é violência?
- Quais os tipos de agressão?
- Em que contextos históricos temos violência?
- Quais desses tipos de violência ocorrem no país, na cidade e na escola?
- Existem situações em que a violência é considerada legítima?
- Por meio de quais instituições é possível combatê-la?
- Como as artes e o esporte ajudam a lidar com a violência?Quais leis nos protegem?
Além de incentivar o pensamento crítico, o jovem também tem a oportunidade de intervir nas manifestações que o afetam. É nesse momento que entra um segundo aspecto que deve ser desenvolvido em todas as etapas da vida: como mediar conflitos.
É possível explorar ainda ações que incentivem o protagonismo estudantil, com o objetivo de ensinar como gerenciar as diversas situações de forma democrática e justa. Alguns exemplos são:
- Assembleias que envolvem os pais, alunos e docentes;
- Criação de grêmio estudantil;
- Desenvolvimento de campanhas de conscientização;
- Manifestação pública em redes sociais.
A importância de combater a violência na escola
Assim como ocorre em nossa sociedade, a escola não está protegida e isenta de violência social. Inclusive, ela acaba sendo um espelho da nossa realidade.
A violência nas escolas, à medida que põe em risco a ordem, motivação, satisfação e expectativas dos alunos e do corpo docente, tem efeitos graves sobre elas. Ela é capaz de contribuir para a frustração dos objetivos e das finalidades da educação, do ensino e do aprendizado.
Conclui-se, portanto, que, diante de um ambiente vulnerável, a escola não mantém mais as suas características e funções essenciais de educação. Além disso, não encontramos mais a socialização, promoção da cidadania e do desenvolvimento pessoal.
Essa, inclusive, é uma comprovação da pesquisa realizada com a intenção de entender os efeitos da violência no desempenho escolar e no cérebro de crianças de 10 a 12 anos, desenvolvida pela PUC do Rio Grande do Sul, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
De acordo com Augusto Buchweitz, coordenador dessa pesquisa, os resultados prévios demonstram que crianças expostas a ambientes violentos possuem um desempenho escolar abaixo da média. Isso porque o funcionamento do cérebro delas também se mostrou diferente se comparado com o das crianças que vivem em um ambiente tranquilo.
Papel dos pais no combate à violência na escola
A negligência dos pais e responsáveis pode influenciar o comportamento do discente, tendo em vista que a família é a base da educação. Se a família não age de forma paralela à instituição de ensino, o aluno não entende que seus atos têm uma consequência real.
Em alguns casos, os pais transferem para a escola a responsabilidade de educar e cuidar do indivíduo. Por isso, eles se eximem da obrigação de formar um cidadão para integrar o convívio social. Logo, os pais possuem um papel fundamental no combate à violência na escola.
O primeiro passo para isso é acompanhar de perto como a escola combate esse problema e continuar com isso dentro de casa. Outro passo fundamental é exercer o diálogo com os jovens. Eles precisam entender de que maneira a violência é prejudicial. Os pais devem fazer o seu trabalho em casa. Caso contrário, os alunos nunca entenderão, de fato, a gravidade do assunto.
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