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Bullying: o que é e como combater?

O bullying é uma prática de intimidação sistemática, ou seja, um ato de violência física ou psicológica que ocorre repetidamente, praticado por um grupo ou indivíduo contra uma ou mais pessoas.

Infelizmente, o bullying é uma agressão comum entre crianças e adolescentes em ambientes escolares. Devido aos sérios danos causados, há uma medida de combate ao bullying nas escolas desde 2015. Neste artigo, entenda o que é isto e como combatê-lo.

O que caracteriza o bullying?

O bullying envolve agressões físicas, verbais ou psicológicas, com o objetivo de humilhar a vítima. Essa prática busca demonstrar poder entre crianças ou jovens, onde os abusadores tentam tirar vantagem de crianças mais vulneráveis ou “fracas”.

As motivações podem ser diversas. Em filmes e séries de TV sobre ambientes escolares, é comum encontrar representações dessa prática. O termo “bullying” deriva da palavra “bully“, que significa “valentão” ou “tirano”. O sufixo “-ing” indica que é uma ação constante e recorrente. O conceito foi estudado pelo professor de psicologia Dan Olweus, pioneiro na pesquisa científica sobre o tema, que começou a investigá-lo na década de 1970.

Por serem estudos recentes, anteriormente era visto como algo normal por muitos adultos. Apesar de ser amplamente discutido hoje, ainda existem estereótipos que subestimam suas consequências para o desenvolvimento de crianças e adolescentes.

Você que é pai ou mãe, esteja atento!

O bullying não é uma “brincadeira inofensiva” ou um “rito de passagem” para o desenvolvimento social dos seus filhos, seja na escola, na igreja ou na vizinhança. Pode ocorrer até dentro de casa e impactar negativamente o relacionamento familiar.

Quais são os impactos do bullying?

O bullying pode causar consequências graves para as vítimas, que podem afetar seus familiares e amigos. Veja alguns dos principais impactos:

Problemas psicológicos

É essencial estar atento a possíveis transtornos psicológicos que seu filho pode desenvolver como resultado do bullying. Se não tratados, esses problemas podem durar por toda a vida. Os principais transtornos incluem baixa autoestima, depressão, ansiedade, estresse, transtorno de estresse pós-traumático, síndrome de inferioridade, ataques de pânico e, em casos extremos, suicídio.

Pesquisadores do King’s College London indicam que esse problema pode ser comparado a uma doença, pois causa mudanças físicas no cérebro, aumentando o risco de transtornos mentais crônicos. Pais, professores e familiares devem proteger as crianças dos estímulos negativos que podem desencadear problemas como depressão, ansiedade ou hiperatividade.

Desempenho escolar comprometido

Crianças vítimas de bullying podem perder o interesse pela escola, pelos estudos e por interagir com colegas. O medo e o estresse das agressões geram ansiedade, tornando a sala de aula um ambiente desencadeador de crises nervosas. Além disso, pode prejudicar as notas, já que a criança pode concentrar suas preocupações nos agressores, dificultando a atenção no aprendizado.

O bullying também pode levar a comportamentos agressivos com colegas ou professores.

Mudanças de comportamento

Crianças que sofrem esse problema frequentemente mudam seu comportamento de forma significativa. Filhos que antes eram carinhosos podem se tornar agressivos, frios ou distantes. Depois de sofrer agressões, muitas vezes passam a agir de forma defensiva ou acreditam que a violência é a única forma de se impor.

As vítimas tendem a internalizar os abusos e podem ter dificuldade em confiar nas pessoas, optando por se manterem caladas, por medo de julgamento ou vergonha.

Uso de drogas

O bullying também pode levar adolescentes ao uso de drogas lícitas ou ilícitas, como cigarro e álcool, em uma tentativa de escapar da dor causada pelas agressões. No entanto, o vício em substâncias pode trazer problemas ainda mais graves, impactando a vida adulta.

Como identificar o bullying?

Nem sempre as crianças falam abertamente sobre as agressões que sofrem. Esteja atento se seu filho apresentar os seguintes sinais:

  • Desinteresse em ir à escola;
  • Medo ou fobia de interações sociais;
  • Hematomas no corpo;
  • Objetos pessoais ou materiais escolares danificados;
  • Choro e tristeza constantes;
  • Queda no desempenho escolar;
  • Perda de interesse em brincar com os amigos;
  • Agressividade e irritabilidade;
  • Falta de apetite ou distúrbios alimentares;
  • Pensamentos suicidas e automutilação;
  • Insônia ou perda de interesse em atividades de que gostava.

Como combater o bullying?

Nos casos de bullying escolar, é dever da escola estar empenhada na criação e manutenção de programas de conscientização para combater essa prática. É necessário promover palestras e orientações pedagógicas, tanto individuais quanto coletivas, para acolher as vítimas.

A escola também deve manter um olhar atento sobre os agressores, buscando entender suas motivações e, por meio do diálogo, mostrar as graves consequências dessa prática.

Mais importante ainda, você que é pai ou mãe precisa se manter informado sobre a vida social e escolar do seu filho. Esteja atento às interações sociais da criança, utilizando a conversa para identificar possíveis casos de bullying infantil.

Procure agir com paciência, pois as vítimas geralmente têm dificuldades para expressar suas dores. Ofereça apoio emocional para que a criança se sinta à vontade para falar no tempo certo.

É fundamental que os pais se unam à escola no combate a esse problema. Uma forma de fazer isso é trazendo o tema para discussão em reuniões de pais e mestres. Quanto mais pessoas estiverem cientes e preparadas para lidar com o bullying, mais fácil será desconstruir os estigmas associados ao assunto.

Se seu filho estiver envolvido como possível agressor, também é indispensável manter o diálogo, evitando que as agressões continuem. Muitas vezes, os agressores agem influenciados por outros tipos de abuso que vivenciam.

O suporte psicológico de profissionais da saúde mental é essencial para todos os envolvidos nos casos de bullying. A terapia pode ajudar a combater os seus efeitos, desconstruindo crenças que causam insegurança, baixa autoestima e hábitos autodestrutivos.

Indicação de livros

Outra forma de entender melhor o bullying é lendo bons livros que abordam o tema sob a perspectiva de especialistas. Confira algumas indicações:

“Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas”, de Ana Beatriz Barbosa Silva

Um dos primeiros livros a tratar da violência e intimidação nas escolas. A Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva aborda o tema de forma simples e objetiva, auxiliando pais e educadores a compreender as diversas facetas da intimidação, suas consequências e o momento certo de procurar ajuda profissional.

“Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz”, de Cleo Fante

A educadora Cleo Fante apresenta o bullying como um fenômeno global, destacando a realidade brasileira. O livro traz um programa prático para ser implementado nas escolas, promovendo a educação para a paz.

“Bullying e Cyberbullying: O Que Fazemos Com o Que Fazem Conosco?”, de Maria Tereza Maldonado

A autora mostra como educadores, pais, crianças e adolescentes podem desenvolver recursos para prevenir o bullying e o cyberbullying, promovendo um ambiente escolar saudável e seguro.

Bullying na escola

Infelizmente, o bullying ainda é uma prática comum entre crianças e jovens nas escolas. De acordo com o IBGE, 23% dos estudantes no Brasil já relataram ter sido vítimas de agressões ou ofensas na escola.

O bullying escolar pode ter consequências graves, como o suicídio de adolescentes. Pesquisas realizadas pelo Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry no Reino Unido revelam que adolescentes entre 12 e 15 anos já consideraram o suicídio após sofrerem bullying.

Além do risco de suicídio, os adolescentes também podem desenvolver comportamentos agressivos e perigosos no ambiente escolar. Casos de violência escolar, como o Massacre de Columbine, têm ligações com abusos sofridos nas escolas.

Casos famosos de violência escolar:

Massacre de Columbine

Em 20 de abril de 1999, dois estudantes da Columbine High School, nos EUA, cometeram um atentado, matando 13 pessoas e ferindo 21. Investigações apontam que os jovens eram vítimas de bullying, o que teria motivado o crime. O caso foi amplamente debatido na mídia e rendeu o documentário Tiros em Columbine.

Massacre de Realengo

Em 2011, no Rio de Janeiro, um homem de 23 anos invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira e matou 12 adolescentes. Relatos indicam que o agressor havia sofrido bullying na adolescência.

Massacre de Suzano

Em 2019, na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), um jovem de 17 anos, vítima de bullying, cometeu um atentado que resultou na morte de cinco estudantes e duas professoras.

Crianças que sofrem bullying

O bullying frequentemente é uma demonstração de poder sobre as vítimas. Crianças podem ser agredidas por sua orientação sexual, deficiência física, aparência, condições econômicas, cor ou gênero. Crianças introvertidas, tímidas ou com dificuldades de aprendizado também são alvos.

Em escolas, é comum que se formem grupos que seguem padrões específicos de comportamento, aparência ou status social. Crianças que não se encaixam nesses grupos costumam ser vítimas.

O mais importante é que os adultos fiquem atentos a qualquer indício. Quanto mais cedo for identificado, mais rápido será possível agir para combater essa prática.

Crianças que praticam bullying

O perfil de quem pratica bullying pode variar, mas existem características em comum: agressividade, falta de empatia e um senso de superioridade em relação às vítimas. Muitas vezes, os agressores gostam de provocar na frente de outras pessoas para se destacarem socialmente.

Em outros casos, o agressor pode agir de forma implícita, ocultando suas ofensas. Esse tipo de comportamento é mais difícil de identificar, mas tão preocupante quanto. Os abusadores implícitos usam intimidações, ameaças, fofocas e propagação de boatos maldosos para atingir suas vítimas.

Uma característica comum entre os praticantes de bullying é a tendência de culpar suas vítimas. O agressor justifica suas ações, atribuindo a culpa às características ou comportamentos da vítima.

Motivações do praticante de bullying

As motivações dos agressores podem variar, sendo que alguns dos motivos mais comuns são:

  • Já foi vítima de bullying: muitos agressores já foram abusados anteriormente e acreditam que se tornando agressores, evitam ser vítimas novamente. Isso também pode ocorrer em casa, onde a criança sofre ou presencia abusos, perpetuando o ciclo de violência.
  • Falta de educação ou conscientização: crianças que não recebem uma educação sólida ou cujos pais não conversam sobre esse tema podem cometer agressões sem entender as consequências. Em alguns casos, os pais até incentivam comportamentos errados.
  • Traços de sadismo ou psicopatia: algumas crianças praticam por prazer. Essa tendência ao controle sobre outras pessoas é um indício de sadismo. Embora o diagnóstico de psicopatia seja reservado para adultos, crianças podem demonstrar traços de sadismo desde cedo.

Esses perfis, marcados pela manipulação e violência, requerem o acompanhamento de um profissional de saúde mental para diagnóstico e tratamento adequado.

Indicação de filme: Precisamos falar sobre o Kevin

O filme de 2011, dirigido por Lynne Ramsay, aborda o tema do sadismo em crianças. A trama acompanha a história de Eva, uma mãe que sofre com as consequências dos atos violentos de seu filho Kevin, um adolescente com traços de psicopatia responsável por um massacre na escola.

Tipos de bullying

O bullying pode ser classificado de acordo com sua forma de manifestação. Veja os principais tipos de bullying:

  • Verbal: ofensas, xingamentos e apelidos maldosos que ferem emocionalmente a vítima;
  • Físico: agressões como socos, chutes e empurrões;
  • Moral: difamação, calúnias e humilhações públicas;
  • Psicológico: ameaças, chantagens e intimidações, com o objetivo de controlar a mente da vítima;
  • Sexual: assédios, exposição de intimidades e até estupro;
  • Material: destruição ou roubo de pertences da vítima;
  • Social: exclusão da vítima de eventos ou grupos sociais;
  • Cyberbullying: agressões online, como difamação e humilhação nas redes sociais;
  • Preconceito: bullying motivado por discriminações como racismo, homofobia, misoginia, xenofobia, entre outros.

Lei sobre o bullying escolar

O Brasil deu passos importantes no combate ao bullying com a Lei 13.185/2015, que exige que as escolas criem programas de prevenção e combate ao bullying, também conhecido como intimidação sistemática. Em 2018, a Lei 13.663/2018 complementou essa legislação, promovendo ações de prevenção e incentivando uma cultura de paz nas escolas.

Embora menores de idade não possam ser penalizados criminalmente, os praticantes de bullying podem ser responsabilizados por medidas socioeducativas, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Essas medidas incluem advertências, prestação de serviços à comunidade e, em casos graves, privação de liberdade.

Assim, as crianças que praticam bullying devem ser punidas de forma educativa, com foco na reeducação e no entendimento das consequências de seus atos. As escolas também têm a responsabilidade de identificar e corrigir esses comportamentos para preservar o bem-estar de todos os alunos.

Cyberbullying

Como vimos anteriormente, um dos tipos de bullying existentes é o cyberbullying, uma prática que tem se tornado cada vez mais comum. Segundo estatísticas do IBGE, um em cada 10 adolescentes já foi vítima de cyberbullying no Brasil, sendo a maioria meninas.

Além disso, de acordo com estudos realizados em 2021 pelo Instituto Ipsos, o Brasil é o segundo país do mundo com mais casos de cyberbullying. Esses dados alarmantes reforçam a urgência de combater o aumento dessa prática nociva.

O cyberbullying possui características que o diferenciam do bullying tradicional. A palavra “bully” significa “valentão” ou “agressor”, enquanto o prefixo “cyber” remete ao ambiente cibernético, relacionado ao mundo virtual.

Essa forma de bullying se caracteriza por ataques constantes às vítimas, feitos através da internet ou redes sociais. Embora os agressores se escondam atrás de computadores e celulares, as consequências psicológicas são extremamente prejudiciais. Além disso, é mais difícil para a vítima identificar os responsáveis, que podem estar a quilômetros de distância e, muitas vezes, sequer conhecem a pessoa que atacam.

Os seus efeitos podem ser duradouros, já que os ataques podem se espalhar facilmente por meio de compartilhamentos, perpetuando o sofrimento das vítimas por anos.

Um termo bastante utilizado na internet para descrever agressores virtuais é o “hater“. Em português, significa “odiador” e refere-se a pessoas que disseminam comentários de ódio na internet, muitas vezes sem uma razão aparente ou motivação sólida. Os haters se alimentam da perseguição às suas vítimas, sendo um comportamento frequente entre adolescentes e direcionado a artistas ou pessoas famosas.

Crimes sexuais na internet

Uma das formas mais graves de cyberbullying são os crimes sexuais. Segundo dados de 2020, esses crimes, que envolvem a exposição sexual de crianças e adolescentes na internet, ocupam o primeiro lugar no ranking de denúncias do Disque 100.

De acordo com a pesquisa TIC Kids, 20% dos jovens de 9 a 17 anos já relataram ter recebido conteúdo sexual na internet de outras pessoas.

Outro termo que tem ganhado destaque é a vingança pornô, ou “revenge porn“. Esse crime ocorre quando vídeos ou fotos íntimas são divulgados na internet por ex-parceiros, como forma de vingança. Esse tipo de exposição pode causar danos emocionais devastadores para as vítimas.

Orientações importantes para crianças e adolescentes

É essencial que os pais orientem seus filhos a seguirem práticas seguras para evitar o cyberbullying e outros problemas no uso da internet. Algumas recomendações incluem:

  • Não compartilhar imagens íntimas de outras pessoas e repreender essas atitudes;
  • Evitar enviar fotos íntimas para desconhecidos, e até mesmo para parceiros;
  • Denunciar discursos de ódio na internet ou redes sociais;
  • Procurar a ajuda de um adulto caso presencie algum amigo sendo agredido, seja na escola ou na internet;
  • Não divulgar dados pessoais ou de familiares na internet.

Mais importante que tudo, é necessário criar um ambiente acolhedor, para que as crianças se sintam seguras ao relatar casos de bullying. Os pais também devem acompanhar o que os filhos consomem na internet diariamente.

Indicação de filmes sobre cyberbullying:

Bullying Virtual

O filme “Bullying Virtual” (2011), protagonizado por Emily Osment, conta a história de uma mãe que tenta ajudar sua filha, vítima de bullying na internet. O longa aborda o tema de maneira clara e didática.

Audrie & Daisy

Este documentário da Netflix relata a história real de duas adolescentes americanas que foram dopadas em uma festa e descobriram que haviam sido vítimas de abuso sexual. Seus agressores compartilharam vídeos do crime na internet. Além da violência, as vítimas enfrentaram o julgamento e a humilhação da sociedade. O filme traz reflexões importantes sobre o cyberbullying.

Bully

Dirigido por Lee Hirsch, o documentário de 2011 acompanha a história de cinco adolescentes que sofrem com o bullying em sua rotina. O filme revela a dura realidade vivida por muitos jovens nos Estados Unidos e serve como um grito de alerta para pais e filhos.

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