Ser mãe atípica é ser colocada num novo mundo sem mapa. Ninguém nasce sabendo ser mãe. Principalmente mãe de um filho com deficiência ou alguma condição de desenvolvimento atípico.
Os desafios surgem de forma intensa e, muitas vezes, repentina, trazendo junto uma avalanche de inseguranças.
Neste texto, vamos falar sobre essa maternidade atípica real: seus desafios, direitos, sobrecarga emocional e como lidar com o instinto de proteção que nunca desliga.
O que é ser mãe atípica?
O termo “mãe atípica” é usado para descrever mulheres que vivenciam a maternidade de forma diferente, por estarem à frente do cuidado de filhos com neurodivergências, como autismo, TDAH, síndromes genéticas, deficiências físicas ou intelectuais.
Entretanto, essa maternidade é chamada de “atípica” justamente porque foge do desenvolvimento esperado ou “típico” da infância, exigindo adaptações constantes na forma de educar, comunicar e conviver com a criança.
Na prática, ser uma mãe atípica significa:
- Ter que lidar com diagnósticos clínicos complexos e muitas vezes tardios;
- Participar de múltiplas terapias e intervenções semanais;
- Ser mediadora entre o filho e os espaços sociais (escolas, médicos, família);
- Aprender sobre leis, direitos e acessos a políticas públicas;
- Viver sob carga mental e emocional aumentada, especialmente em relação ao cuidado contínuo e à luta por inclusão e respeito.
Os desafios da maternidade atípica
Além da exaustão física e emocional, há uma sensação que muitas mães atípicas conhecem bem: a solidão. Mesmo cercadas de pessoas, elas se sentem sozinhas diante de uma rotina intensa, complexa e, muitas vezes, pouco compreendida por quem está de fora.
Esse sentimento não é isolado. Um estudo da Universidade da Califórnia, São Francisco (UCSF), mostrou que 50% das mães de crianças com autismo apresentaram níveis elevados de sintomas depressivos ao longo de 18 meses, um índice muito superior ao observado em mães de crianças neurotípicas, que variou entre 6% e 13,6%.
Outro desafio é a constante busca por tratamentos, terapias e escolas que respeitem e acolham o desenvolvimento da criança. Muitas mães passam meses (ou anos) tentando encaixar o filho em um sistema que ainda funciona com base em um modelo de desenvolvimento típico, rígido e padronizado.
O ensino para neurodivergentes
O ensino para neurodivergentes vai além da boa vontade: requer formação de educadores, currículo adaptado e escuta ativa das famílias.
Mesmo com a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), muitas escolas ainda resistem a mudanças reais. Frequentemente, oferecem soluções mínimas, como um cuidador ou sala de recursos, sem adaptar o método de ensino ao perfil da criança.
Essa falta de preparo sobrecarrega ainda mais as mães, que acabam assumindo o papel de mediadoras da aprendizagem. Elas participam das reuniões, cobram adaptações, orientam professores e procuram alternativas quando a escola falha.
Você também sente a sobrecarga materna?
Se você é mãe atípica, provavelmente já sentiu a sobrecarga materna, aquele cansaço que vai além do físico, que mora no corpo, na mente e no coração.
Estruturalmente falando, esse sentimento está enraizado em uma estrutura patriarcal que historicamente atribui à mulher a função de cuidar da casa, dos filhos e das emoções de todos ao redor. E quando falamos de mães atípicas, essa carga se multiplica.
Por exemplo, a Pesquisa Nacional dos Cuidadores de Pacientes Raros indica que, até 2022, 81% dos cuidadores eram mães, das quais 78% acompanhavam o paciente 24 horas por dia e 46% precisaram deixar o emprego para se dedicar exclusivamente ao cuidado.
O senso de proteção na maternidade
Mães de crianças neurodivergentes muitas vezes vivem em um estado de hipervigilância constante. E embora esse comportamento nasça do amor, ele é sustentado pelo medo real de que o mundo não esteja pronto para acolher seus filhos como eles são.
Esse nível de atenção contínua é compreensível, mas também profundamente exaustivo. Quando se é mãe atípica, é normal querer fazer tudo sozinha na premissa de que você sim dará a atenção e cuidado necessário para seu filho.
Mas quando o cuidado consigo mesma é deixado de lado, o impacto inevitavelmente chega ao cuidado com quem se ama. Segurar todos os pratinho com uma mão só pode não ser a melhor opção!
Pedir ajuda não é fraqueza
Lidar com esse senso de proteção contínua não significa abrir mão do cuidado. Significa, sim, aprender, aos poucos, a dividir responsabilidades, construir redes de apoio reais, confiar (mesmo que com cautela) em instituições e profissionais comprometidos.
E, acima de tudo, lembrar que autocuidado não é egoísmo, é sustentação. Quando você, mãe, se cuida, também fortalece o cuidado que oferece.
4 direitos para mães atípicas que vão te ajudar!
Muitas mães de neurodivergentes não sabem, mas há direitos legais garantidos para famílias atípicas que visam ajudar e auxiliar no cuidado de seus filhos. Estes são:
- Prioridade em atendimentos: estabelecida pela Lei 10.048/2000;
- Isenção de impostos na compra de veículos adaptados à realidade da criança;
- Afastamento e flexibilidade no trabalho: a CLT permite que mães tenham direito à redução de jornada (com laudos médicos) para acompanhamento terapêutico do filho;
- Acompanhamento escolar e inclusão: garantidos por lei (LBI – Lei Brasileira de Inclusão).
A recomendação, no entanto, é procurar o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) da sua cidade ou um advogado especializado para orientação detalhada.
E no ensino? É com a LUMA!
Quando estiver preocupada com o desempenho do seu pequeno na escola, lembre-se que existem pessoas e lugares que podem te acolher, como a LUMA ensino.
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Combinamos aulas personalizadas com acompanhamento pedagógico e envolvimento contínuo entre pais, professores e escola.
Seu filho não precisa se adaptar a um modelo que não o contempla. E você, mãe atípica, não precisa lutar sozinha todos os dias por respeito, inclusão e aprendizagem.
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