O tempo de tela é um tema que está sendo cada vez mais posto em pauta, ainda mais quando está ligado às crianças. Bem como ocorre com os adultos, a tecnologia e a internet conseguem prender a atenção e o interesse do público infantil de modo fácil.

Mas você já parou para pensar sobre a partir de que ponto o uso de telas na infância começa a se tornar um problema? Não há dúvidas de que os dispositivos digitais fazem toda a diferença no dia a dia das pessoas.
Contudo, já é comum ver celulares e tablets fazendo parte do dia a dia não só de crianças, mas também de bebês. Fazendo um apanhado geral, de acordo com os principais especialistas em saúde mental, psicológica e física, o alto tempo de tela na infância pode ter vários efeitos.
Tendo dito isso, nos tópicos seguintes vamos tratar mais a fundo sobre o tempo de tela na infância, abordando os impactos para a saúde, recomendações e muitas outras informações. Portanto, leia o nosso artigo para saber mais e garanta que os seus filhos usem as telas de forma saudável.
O que é o tempo de tela?
Em suma, o termo trata da quantidade de horas de uso de tecnologia digital. Assim, trazendo mais para o nosso tema de hoje, é o tempo que as crianças passam na frente do computador, jogando videogame em consoles, assistindo TV ou com o celular nas mãos.
Na verdade, faz tempo que esse tema vem sendo a causa de muitos anseios de pais, psicólogos, pediatras, educadores e demais especialistas.
Se por um lado mães e pais começaram a pôr limites no uso desses dispositivos para os filhos, a pandemia de Covid-19 chegou para desestabilizar todo ou quase todo progresso conquistado.
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Isso porque com o cenário em que o Brasil e o mundo inteiro estavam, e dado o isolamento social, as famílias se viram recorrendo ao celular, videogame e TV como forma de gerar lazer e distrair as crianças.
Voltando para o contexto, hoje em dia já existe um consenso entre a maior parte dos especialistas. Dessa forma, o que se tem é que o tempo de tela alto pode impactar de forma negativa até mesmo a vida de adultos.
Então, imagine só o quão ruim pode ser essa situação no período da infância e da adolescência. Contudo, também dá para frisar que as telas, a internet e as demais tecnologias não atuam só como vilãs.
Na verdade, o que vai definir se o uso de telas traz mais benefícios ou prejuízos para as crianças é o tipo de uso e o número de horas que se passa em frente de uma tela. No mais, vale frisar o valor da presença da família no que diz respeito ao acesso que as crianças têm a essas tecnologias.
Quais os impactos para a saúde das crianças que ficam muito tempo em frente das telas?
A seguir, vamos tratar desses impactos separando-os em dois grupos: saúde física e evolução, e saúde mental e conduta. A princípio, vale citar que durante a infância o corpo humano passa por muitos processos importantes para a sua completa evolução. Além disso, esses processos podem ser influenciados por muitos fatores, como o tempo de tela alto.
Obesidade
Se a criança passa muito tempo sentada ou deitada e troca outras atividades físicas, como jogar bola, brincar e andar de bicicleta, por games ou redes sociais, ela pode desenvolver a obesidade.
Na infância, a obesidade pode se dar devido a um conjunto de fatores. Sendo que um deles é a troca de atividades físicas pelo tempo de tela excessivo.
Hoje em dia, muitas crianças preferem ganhar um tablet, um celular ou um videogame do que ganhar uma bicicleta ou uma bola, como ocorria no passado.
Na fase de crescimento, é vital a prática de atividades físicas, porque elas ajudam tanto para a evolução do corpo quanto para a saúde mental.
No mais, outro fator que pode elevar a obesidade e que também está ligado ao uso de telas na infância é o consumo de alimentos industrializados.
Salgados fritos, biscoitos e lanches pré-prontos são alimentos fáceis de comer, além de serem palatáveis para as crianças. Sendo assim, é o tipo de alimento preferido por elas, em especial para serem ingeridos enquanto jogam ou assistem TV.
Interferências na evolução psicomotora
Antes de tudo, é na primeira infância que novas habilidades motoras são descobertas e se desenvolvem. Por isso, o bom é motivar certas atividades que vão levar a criança a aprender movimentos importantes.
Mas, quando as crianças de 1 a 5 anos têm grande acesso ao celular ou à TV, o que pode ocorrer a longo prazo, é o atraso das funções motoras mais vitais. Só para exemplificar, pode influenciar na coordenação fina, andar e o falar.
Portanto, por causa disso, é muito bom que os pais de crianças nessa faixa etária se atentem e evitem expô-las às telas, mesmo que seja uma exposição indireta.
Visão
Antes de mais nada, você já ouviu falar de fototoxicidade? Basicamente, esse é mais um dos impactos que o alto tempo de tela pode causar.
Sendo assim, a fototoxicidade se dá por causa da luz que é gerada das telas de celulares, tablets, TVs etc. Se você já passou um longo período na frente da tela de um computador, sabe que chega uma hora que os olhos não aguentam mais.
Então, alguns sintomas, como olhos vermelhos, dor de cabeça e sensação de olhos secos começam a aparecer. O mesmo pode ocorrer com as crianças que passam muitas horas usando as telas. As consequências para elas, porém, podem ser mais sérias ainda.
Se o uso for prolongado e frequente, há o risco de desenvolver a chamada Síndrome do Olho do Computador. Essa síndrome é como a Síndrome do Olho Seco. A primeira, no entanto, os olhos perdem a lubrificação natural, por causa da iluminação das telas.
Portanto, além da saúde física, o tempo de tela excessivo também pode influenciar na conduta e na saúde mental da pessoa.

Violência e agressividade
Nos dias de hoje, há estudos que provam que as crianças e os jovens que têm acesso a conteúdos ruins acabam tratando a violência como algo natural.
Outro impacto na conduta é a agressividade. Desde mais novas, as crianças já começam a ter condutas agressivas, sejam elas verbais ou físicas.
Mas o que muitos pais não sabem é que esse tipo de conduta pode ser ligada a jogos e outros tipos de conteúdo que não estão de acordo com a idade da criança.
Bullying e intolerância
A seguir, outro tipo de conduta que também pode surgir e se desenvolver por causa do tempo de tela na infância é o bullying. Em geral, o bullying é uma questão que costuma aparecer em crianças um pouco mais velhas e na pré-adolescência.
A internet é um local que gera muitas facilidades, o que, ao mesmo tempo, acaba sendo muito positivo e muito negativo ao mesmo tempo. Por causa disso, o chamado cyberbullying ocorre de forma indiscriminada.
Do mesmo modo, as condutas de intolerância e de ódio podem aparecer. Mas o pior é que esses tipos de comportamentos passam do meio digital.
De acordo com estudos, o mau uso das telas e da internet faz com que algumas crianças se tornem agressivas e impacientes. E tudo isso no meio real, em casa ou na escola.
Outros tipos de problemas
No mais, também dá para falar sobre outros tipos de problemas que o alto tempo de tela na infância pode gerar. O primeiro deles é a dificuldade de aprendizagem.
Tanto é que as crianças que têm menos tempo de tela tendem a ter um resultado melhor na escola quando comparadas às crianças que têm um uso descontrolado dessas tecnologias.
Os transtornos de sono, pesadelos, hiperatividade, ansiedade e depressão também podem surgir por causa desse mal uso.
Qual tempo de tela é o ideal por idade?
Hoje em dia já existe um consenso do tempo de tela na infância adequado para cada idade. Essas sugestões são da própria Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), então vale a pena conferir e colocá-las em prática. A seguir, confira o tempo de tela indicado pela SDP para cada período da infância e da adolescência.
2 aos 5 anos
A princípio, o ideal é que as crianças que têm entre 2 e 3 anos tenham pouca ou nenhuma exposição às telas. O motivo para essa restrição é que esse é uma fase de evolução de muito valor para a criança.
Por isso, deve-se dar o máximo de atenção e de interação física com outras pessoas. Da mesma forma, é uma parte da infância em que a criatividade deve ser motivada com brinquedos e muito espaço livre.
Além do que, a exposição às telas, mesmo que de forma indireta, pode causar danos para as crianças dessa idade. Já as crianças entre 3 e 5 anos podem ter até 1 hora por dia de tempo de tela.
Nesse período, é comum que as mães e os pais ponham as crianças para assistir TV ou assistir desenhos animados no celular para distraí-las ou para acalmá-las.
O ideal, contudo, é resistir a esse tipo de prática e restringir o acesso às telas a 1 hora. Como nessa idade as crianças começam a interagir com os personagens, uma sugestão é motivar essa interação sem o uso de telas, preferindo livros e brinquedos.
6 aos 10 anos
Para as crianças nessa faixa etária, o indicado pela SDP é limitar o tempo de tela a um período de 1 hora, no máximo 1 hora e meia.
Como se trata de uma idade escolar, o ideal é que as crianças cumpram as suas lições de casa antes de assistirem TV ou mexerem no celular.
Com a idade é indispensável que os pais fiquem de olho no tipo de conteúdo acessado, em especial aos conteúdos que envolvam violência, incitação ao sexo, palavrões etc.
A melhor forma de fazer essa mediação é conversando com a criança. Então é bom falar sobre o porquê de ela não poder ver certo tipo de filme ou programa, por exemplo.
Além disso, é bom lembrar que se trata de um tempo muito importante para a evolução da criança. Logo, elas não devem trocar as atividades físicas por jogos eletrônicos.
11 aos 18 anos
Para as crianças que têm entre 11 e 13 anos, o ideal é até 2 horas por dia de tempo de tela. Nesse intervalo, as crianças já conseguem entender melhor alguns conceitos, como o de equilíbrio. Então, os pais devem conversar com os seus filhos para que, juntos, eles cheguem em um consenso de uso adequado. A partir dessa idade, eles já são tidos como adolescentes.
Dessa forma, após os 14 anos o controle deve ser mais focado no tipo de conteúdo consumido por eles. Mas vale frisar que a proibição não é a única coisa que deve ser feita.
Na verdade, o diálogo é vital, em especial nessa fase da adolescência, porque é quando as curiosidades por certos temas começam a surgir.
Além disso, o uso deve ser limitado aos períodos diurnos. Assim dá para evitar o hábito de passar noites jogando. No mais, as conversas são de muito valor para entenderem melhor as vantagens e as desvantagens que as telas podem trazer.
Como adequar o uso de telas na infância?
Vale a pena frisar que o tempo de tela não é ruim quando for usado de forma certa. Afinal, os dispositivos eletrônicos ajudam na construção de conexões sinápticas e incentivam o cérebro a realizar multitarefas. Ademais, despertam novas habilidades, como o uso de tecnologias e a coordenação.
O uso de telas na infância, no entanto, deve ser saudável. Em outras palavras, as crianças podem até usar as telas, desde que seja um uso com tempo e conteúdo limitados a sua idade.
Então, a primeira dica é ficar de olho na classificação indicativa de desenhos animados, filmes e videogames que as crianças consomem. Nos dias de hoje há muitas opções de jogos e desenhos educativos para todas as idades. Eles despertam a criatividade, a memória e a concentração.
Inclusive, crianças na idade escolar podem se beneficiar desse tipo de conteúdo e melhorar o desempenho na sala de aula. Para adequar esse uso de telas na infância, o ideal é fazer combinados com as crianças.
Sendo assim, os pais podem deixar que as crianças assistam um pouco de TV ou joguem no celular, desde que seja por um tempo pré-definido.
E que tal assistir um pouco de desenho predileto e depois fazer alguma atividade que precise se movimentar? Pode ser brincar de esconde-esconde, passear pelo quarteirão ou desenhar, por exemplo.
Outro modo de incentivar esse tipo de atividade é escolher programas ou desenhos que sejam mais interativos e que demandam alguma movimentação.
Para crianças menores, o mais ideal são os conteúdos que motivem a fala, a pronúncia de algumas palavras, a identificação de objetos e a interação.
Dessa forma, o mais importante é sempre manter o diálogo com as crianças ou jovens, fazendo-os entender sobre o tempo de tela e os seus riscos.
Tempo de tela e a pandemia
Como dissemos antes, a pandemia foi um período muito difícil para todos, em especial para as crianças. Sem poder ir à escola, sair para brincar e ver outros familiares, o jeito que os pais acharam foi liberar mais acesso às telas.
Até porque esse era o principal meio de se comunicar com os avôs e com os amigos. E, mais tarde, também foi o meio que deu a chance da volta às aulas com o ensino a distância.
Em síntese, foi um período incomum em que as crianças precisavam se distrair e se divertir. Logo, muitos pais afrouxaram as regras do tempo de tela ou só perderam mais ainda o controle da situação.
Ou seja, houve um grande aumento do uso de dispositivos eletrônicos pelas crianças em geral. E, se o isolamento social manteve as pessoas em suas casas longe das outras, o isolamento por causa do uso de telas manteve as crianças e jovens distantes de outros familiares.
Sendo assim, as consequências do uso de tela na infância de forma ilimitada durante a pandemia podem ser vistas nos dias de hoje:
- Transtornos de sono;
- Ansiedade;
- Condutas intolerantes;
- Impaciência;
- Dificuldades de aprendizagem;
- Atraso de fala e leitura;
- Comportamentos agressivos;
- Isolamento e falta de interesse de contato com outras pessoas.
Dessa forma, diante desses pontos de que o tempo de tela excessivo na infância pode trazer prejuízos, é vital que os pais tomem ciência e medidas necessárias.
15 dicas de atividades e jogos para diminuir o tempo de tela das crianças
Hoje em dia, grande parte das crianças prefere ficar no celular ou na frente do computador ou TV do que fazer outros tipos de atividades.
O ideal para os pais e responsáveis, portanto, é a de restringir o tempo de tela para as crianças desde mais novas. Sendo assim, é mais difícil que o uso excessivo de tecnologias vire um hábito.
Então, para que isso seja possível, tem que se apresentar outros tipos de atividades para as crianças. Abaixo, conheça 15 opções:
- Desenhar e pintar;
- Fazer esculturas de papel machê, gesso, massinha ou argila;
- Ajudar a mamãe ou o papai com o almoço ou jantar;
- Fazer origamis;
- Aprender truques de mágica;
- Passear no parquinho;
- Jogar bola;
- Fazer exercícios físicos de um jeito divertido;
- Brincar com algum amiguinho;
- Treinar a leitura;
- Jogar jogos de tabuleiro;
- Fazer um karaokê em casa;
- Pintar com tinta guache;
- Fazer atividades de recortar e colar;
- Criar e contar histórias.
Outra boa dica é sentar e montar um calendário com dias e horários. Nele, deve-se definir o tempo de tela para cada dia e demais atividades. Vale a pena perguntar para a criança sobre os tipos de atividades ou jogos que ela gostaria de fazer.
Além do que, separar um tempo para a família também faz toda a diferença. Então invista em jogos para brincarem e se divertirem juntos.
Com o tempo, as crianças nem sentem mais a falta das telas, porque estão passando por tempo de qualidade com outras brincadeiras.
A melhor parte é que os pais não têm que investir sempre em jogos ou brinquedos novos. As crianças podem criar os próprios jogos, brinquedos e muito mais. A criatividade e a imaginação, aliás, são muito mais estimuladas em atividades que não envolvam o uso de telas.

O impacto do uso de telas no sono das crianças
Como citamos nos tópicos anteriores, o uso de telas na infância pode ter efeito para o sono. Por isso, é muito comum a incidência de transtornos do sono em crianças, sendo que os principais são:
- Dificuldade para conseguir pegar no sono;
- Pesadelos;
- Agitação;
- Dificuldade para dormir a noite toda.
Mas o que muita gente não sabe é que as telas podem ser os principais causadores dos transtornos de sono. De acordo com estudos, a luz que esses aparelhos eletrônicos emitem atrapalham de modo direto a rotina de sono. E por que isso ocorre?
Para ser mais específico, a luz azul que vem das telas impede a liberação de um hormônio chamado melatonina. A melatonina é o hormônio que vai dizer ao organismo que está na hora de dormir.
Então se a melatonina não é liberada, o corpo fica “perdido” e não consegue saber quando dormir. Além disso, acaba afetando o relógio biológico das crianças e a forma com a qual o cérebro delas percebe o dia e a noite.
Sendo assim, uma das formas de evitar esses transtornos do sono em crianças é restringir o uso de dispositivos eletrônicos no período diurno. Em especial porque a qualidade do sono na infância influencia na evolução e crescimento.
Fato é que as tecnologias são muito benéficas, trazem mais praticidade para o dia a dia e ajudam na evolução das crianças, mas precisam ser usadas com mediação, priorizando sempre o uso saudável.
Em conclusão, percebe-se como o tempo de tela pode influenciar na vida das crianças. E, apesar de ser um tema até certo ponto novo, já está ganhando mais destaque.

Gostou do nosso conteúdo sobre tempo de tela? Mas tem alguma dúvida ou gostaria de comentar algo sobre este tema? Então deixa um comentário ou entre em contato com a LUMA Ensino.
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