A dislexia é um transtorno de aprendizagem que atinge cerca de 17% da população mundial, segundo o Jornal da Universidade de São Paulo. Apesar disso, ainda é mal compreendida por muitos professores, pais e até pelos próprios alunos que enfrentam diariamente suas dificuldades de leitura e escrita.
Se você é pai ou mãe e sente que seu filho se esforça muito mais que os colegas para aprender, mas ainda assim é rotulado como “desatento” ou “preguiçoso”, este conteúdo é para você.
Aqui, você vai entender:
- O que é a dislexia e como ela se manifesta
- Quais são os sintomas mais comuns
- Os impactos emocionais e escolares
- E, principalmente, o que fazer para ajudar de forma eficaz
O primeiro caso documentado de dislexia
O primeiro caso documentado de dislexia foi registrado em 1896 pelo médico britânico W. Pringle Morgan. Ele descreveu um menino de 14 anos chamado Percy F., que era inteligente, tinha boa visão e ótimo desempenho em matemática, mas apresentava grande dificuldade para aprender a ler, mesmo após anos de escolarização.
Segundo o próprio garoto, “as palavras não tinham significado para ele”, embora compreendesse números e conceitos complexos com facilidade.
Esse caso chamou a atenção por mostrar que uma criança cognitivamente saudável pode apresentar dificuldade específica na leitura, sem alterações em outras áreas do desenvolvimento.
O que é a dislexia?
A dislexia é definida pelo DSM-V como um transtorno específico de aprendizagem. Sua origem é neurobiológica e afeta principalmente a leitura, a escrita e a fluência verbal.
No entanto, a dislexia interfere na habilidade do cérebro de decodificar palavras, ou seja, transformar símbolos (letras) em sons e significados.
E você sabia que dificilmente crianças que possuem esse transtorno são diagnosticadas?
A leitura limitada e as dificuldades são comumente associadas à falta de inteligência ou preguiça, mas não há nenhum fato que comprove a relação entre essas duas.
10 sintomas da dislexia
Identificar a dislexia nem sempre é fácil, especialmente porque muitas crianças desenvolvem estratégias para “mascarar” suas dificuldades na escola. Por isso, é fundamental que os pais estejam atentos aos sinais que surgem no dia a dia, tanto nas tarefas escolares quanto nas interações mais simples com a linguagem.
A seguir, listamos os principais sintomas da dislexia que podem ser percebidos em casa:
- Troca de letras com sons parecidos, como p/b, d/t, v/f ao ler ou escrever.
- Dificuldade em aprender o som das letras, mesmo após repetição e prática.
- Leitura lenta, silabada e com pausas frequentes, muitas vezes sem compreender o que foi lido.
- Omissão, inversão ou repetição de letras e sílabas na escrita.
- Dificuldade para rimar palavras ou separar sílabas em atividades orais.
- Evita ler em voz alta, mesmo quando sabe a resposta.
- Problemas com sequência e memória de curto prazo, como dias da semana, letras do alfabeto ou instruções simples.
- Confusão com direções e lateralidade, como esquerda/direita ou ontem/amanhã.
- Desorganização na escrita, frases cortadas, ideias soltas ou dificuldade para organizar pensamentos no papel.
- Baixa autoestima escolar, a criança diz que é “burra”, “não consegue” ou “odeia ler”.
Os impactos emocionais e acadêmicos da dislexia
A dislexia não afeta apenas a leitura. Seus efeitos emocionais podem comprometer profundamente a autoestima, a motivação e até o vínculo da criança com a escola.
É comum que alunos com dislexia se esforcem muito mais do que os colegas para realizar tarefas simples, como copiar da lousa ou ler um pequeno trecho em voz alta. Mesmo assim, acabam recebendo críticas, comparações e rótulos injustos, como “preguiçoso”, “desatento” ou “lento”.
Esses julgamentos se acumulam no cotidiano:
- A criança trava quando precisa ler em público;
- Erra palavras simples e se envergonha;
- Leva mais tempo que os colegas para fazer lições;
- Evita participar por medo de errar.
Com o tempo, isso pode gerar frustração, ansiedade e sensação de incapacidade. Muitas crianças com dislexia acabam desenvolvendo baixa autoestima escolar e passam a acreditar que “não são boas o suficiente”, o que pode levar à recusa escolar ou até ao bloqueio com qualquer atividade de leitura e escrita.
Dislexia tem cura?
A dislexia não tem cura porque não é uma doença, e sim um transtorno do neurodesenvolvimento que acompanha a pessoa por toda a vida.
O cérebro de quem tem dislexia funciona de maneira diferente no processamento da linguagem escrita, especialmente nas áreas ligadas à decodificação fonológica e à fluência de leitura.
Mas isso não significa que a criança está condenada ao fracasso escolar.
Com o diagnóstico correto, o apoio adequado e o uso de estratégias personalizadas, é possível contornar as dificuldades e alcançar um excelente desempenho acadêmico.
Na LUMA, temos alunos neurodivergentes com dislexia que:
- Aprendem a ler com segurança e prazer;
- Recuperam a autoestima e a confiança em suas habilidades;
- Passam a participar das aulas com mais autonomia;
- Deixam de ver a leitura como um obstáculo e começam a ver sentido no que estudam.
Quanto mais cedo for iniciado o acompanhamento, maiores são as chances de progresso. Mas lembre-se, o foco não é “curar”, mas ensinar de um jeito que funcione para o cérebro dessa criança, com respeito, acolhimento e método