A superdotação nem sempre é evidente à primeira vista! Seu filho faz perguntas complexas demais? Observa tudo com atenção, mas vive entediado na escola? Esses podem ser um dos sinais de altas habilidades.
De acordo com o Censo Escolar de 2023, 38.019 estudantes com altas habilidades/superdotação estão matriculados na educação básica no Brasil! E se você já se perguntou se o que vê em casa é “normal para a idade”, este artigo é para você.
Vamos mergulhar no universo da superdotação, entender o que ela é e como apoiar crianças que pensam e sentem além da média.
O que caracteriza a superdotação?
A superdotação, também chamada de altas habilidades, vai muito além de uma criança “inteligente”. Segundo o Ministério da Educação (MEC) e a definição adotada por Renzulli (um dos principais estudiosos da área), a superdotação envolve três fatores combinados:
- Capacidade intelectual acima da média (geral ou em áreas específicas);
- Alta criatividade;
- Grande envolvimento com a tarefa (motivação, foco intenso, persistência).
Logo, uma criança superdotada pode:
- Aprender com extrema rapidez;
- Ter vocabulário avançado;
- Demonstrar senso crítico precoce;
- Questionar regras sem aceitá-las passivamente;
- Mostrar intensa sensibilidade emocional;
- Apresentar foco extremo em áreas de interesse (hiperfoco).
Qual exame detecta superdotação?
Não existe um único “exame de superdotação”, mas sim processos de identificação multidimensionais, que envolvem:
- Avaliação psicopedagógica e neuropsicológica, realizada por psicólogos/psiquiatras ou psicopedagogos;
- Aplicação de testes de inteligência (como WISC-IV ou WISC-V);
- Relatos da família, professores e observação do comportamento da criança em diferentes contextos.
Como o cérebro de uma pessoa superdotada funciona?
Estudos de neuroimagem, como os realizados com fMRI e DTI, mostram que cérebros superdotados apresentam conectividade neural superior, especialmente em áreas ligadas à linguagem, memória de trabalho e raciocínio lógico.
Isso significa que o cérebro processa informações com mais rapidez e eficiência. Além disso, há maior ativação do córtex pré-frontal, área responsável pela tomada de decisão, pensamento abstrato e empatia, o que contribui para a alta capacidade de análise e sensibilidade social.
Além disso, muitos superdotados possuem o que a psicologia chama de “sobre-excitabilidades (ou overexcitabilities, em inglês), conceito abordado por Dabrowski em 1972.
O que são as sobre-excitabilidades na superdotação?
As sobre-excitabilidades, ou overexcitabilities, são respostas intensificadas a estímulos que ocorrem com frequência em pessoas superdotadas.
O conceito foi desenvolvido pelo psicólogo Kazimierz Dabrowski, dentro da Teoria da Desintegração Positiva, e ajuda a explicar por que muitos superdotados sentem, pensam e reagem de forma tão intensa ao mundo ao redor.
Elas não são “sintomas”, mas características neuropsicológicas que indicam uma sensibilidade ampliada e que, se não compreendidas, podem ser confundidas com transtornos ou comportamentos-problema.
As 5 sobre-excitabilidades de Dabrowski
Intelectual
Se manifesta como uma sede constante por conhecimento e reflexão. A criança está sempre questionando, investigando e buscando entender o mundo em profundidade.
- Pensamento crítico intenso;
- Curiosidade insaciável;
- Amor por aprender e investigar.
Emocional
Aqui, a sensibilidade emocional é ampliada. A criança sente tudo com mais profundidade, tanto alegrias quanto frustrações, e pode ter fortes reações afetivas a situações cotidianas.
- Empatia profunda;
- Vínculos fortes;
- Reações emocionais intensas (ex. ansiedade, compaixão).
Sensorial
A experiência sensorial é mais vívida. Luzes fortes, sons altos, tecidos ásperos ou cheiros marcantes podem ser extremamente desconfortáveis.
- Hiper-responsividade a sons, luzes, texturas, cheiros ou sabores;
- Pode causar incômodos físicos e sobrecarga sensorial.
Imaginativa
A criança vive em um universo interno riquíssimo, repleto de fantasias, histórias, invenções e mundos paralelos. A imaginação é uma fonte de prazer, criatividade e, às vezes, fuga.
- Mundo interno rico;
- Sonhos vívidos;
- Criatividade expansiva (comum em crianças que “vivem no mundo da lua”).
Psicomotora
Se expressa como uma energia física intensa. A criança pode ter dificuldade para ficar parada, fala rápido e parece sempre “ligada no 220”.
- Energia física intensa;
- Dificuldade para relaxar ou ficar parado;
- Fala acelerada, impulsividade.
Você lembra do programa “Soletrando”?
Quem acompanhou o quadro “Soletrando”, do programa Caldeirão do Huck, talvez tenha se emocionado com crianças e adolescentes de diferentes cantos do Brasil demonstrando um vocabulário riquíssimo e uma capacidade impressionante de concentração e memorização
Muitos daqueles jovens exibiam traços típicos de altas habilidades, especialmente na área verbal e o programa, mesmo com seu caráter de entretenimento, acabou servindo como uma rara vitrine para o potencial de estudantes que, no cotidiano escolar, muitas vezes passam despercebidos ou até sofrem por serem “diferentes demais”.
5 desafios emocionais de uma criança superdotada
Por trás da inteligência acima da média, muitas crianças superdotadas convivem com um mundo interno intenso e, muitas vezes, solitário. Quando não são compreendidas, essas crianças podem sofrer mesmo tendo um potencial excepcional.
Veja alguns dos desafios emocionais mais comuns no dia a dia:
1. Frustração escolar
Seu filho parece desmotivado com a escola, mesmo sendo inteligente? Diz que está “entediado”, “sem aprender nada” ou que “as aulas são muito lentas”? Essa frustração é frequente em crianças superdotadas que não encontram estímulo suficiente no ensino tradicional.
2. Isolamento social
Pode ser que ele prefira brincar sozinho, não se sinta à vontade com colegas da mesma idade ou evite situações sociais. Isso não significa falta de socialização, mas sim um sentimento de não pertencimento, comum quando os interesses e a forma de pensar diferem do grupo.
3. Ansiedade ou depressão precoce
Sensíveis e autocríticas, muitas dessas crianças desenvolvem ansiedade, medo de falhar ou até sintomas depressivos. O sofrimento emocional pode começar cedo, especialmente quando elas sentem que “são diferentes” e não sabem por quê.
4. Perfeccionismo e medo de errar
Se seu filho chora quando erra, evita tentar coisas novas por medo de falhar ou se cobra excessivamente, é possível que esteja lidando com o perfeccionismo, um traço comum em superdotados, que pode se tornar um grande obstáculo emocional.
5. Dificuldades com a autoridade escolar
Perguntar demais, questionar regras ou parecer “desafiador” não é necessariamente desrespeito. Muitas vezes, é reflexo da lógica aguçada e da dificuldade em aceitar explicações superficiais. O problema é quando isso gera punições e rótulos injustos.
Como a escola pode (e deve) apoiar alunos com altas habilidades
O portal oficial do MEC disponibiliza diretrizes importantes para orientar escolas e professores no atendimento a alunos com altas habilidades. No entanto, na prática, muitas instituições não conseguem aplicar essas orientações de forma efetiva, o que compromete a inclusão e gera uma dor real para muitas famílias.
Para garantir um desenvolvimento saudável e integral, o ideal é que a criança com superdotação tenha:
- Plano de ensino personalizado;
- Projetos de enriquecimento curricular;
- Possibilidade de avançar nos conteúdos conforme seu ritmo;
- Acompanhamento emocional.
“O que fazer quando a escola não acompanha o ritmo do meu filho?”
Nem toda criança superdotada será compreendida dentro do modelo tradicional de ensino e isso pode gerar frustração, desânimo e até sofrimento emocional.
É por isso que a LUMA Ensino vem como um complemento. Com aulas de reforço online, oferecemos um caminho real e possível: trilhas personalizadas, mentoria pedagógica especializada para os pais e um ambiente que respeita a individualidade e o tempo de cada criança.